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22.5.02

Fabrício é o nome do filho da minha irmã caçula. Seria o nome dela, caso não tivesse nascido rachada. Quando minha mãe engravidou dela, eu tinha uns três anos e ainda me lembro da sua barriga e de muita coisa que envolveu a gravidez e o nascimento. Eu fiquei fascinada porque a minha mãe tinha um bebê na barriga e queria um também. Então vivia o tempo todo com um travesseiro embolado por dentro da roupa. Assim travesseiro, na minha cabeça infantil, virou sinônimo de Fabrício.

Meu marido tem um afilhada, filha de um amigo dos tempos de colégio. Nossas duas famílias são amigas, embora nos vejamos com menos freqüência do que pede a vontade. Toda vez que íamos lá, tínhamos que explicar ao meu filho que era à casa da afilhada. E começava uma série de perguntas sobre grau de parentesco, sobre ser ou não primo... Até que uma vez resolvemos deixar barato e dizer que eles eram uma espécie de família escolhida, do coração. Foi natural, então, ver o garoto começar a referir-se àquela turma como "a familiada" (família de consideração + afilhada).

Só que, de repente, ele começou a comportar-se de forma estranha em relação ao compadre e à comadre e à prole. Ele não queria fazer mais as visitas nas quais sempre se divertiu muito com as crianças. Quando eles chegavam ou nos encontrávamos ao sabor do acaso, ele se escondia ou corria para longe. Ia além daquelas coisas desagradáveis que as crianças fazem e que deixam os pais querendo que o chão se abra (oh, yeah, mico não é exclusividade de pais). Parecia medo. E não havia Cristo que explicasse o porquê da mudança.

Até que um dia eu estava na cozinha e o moleque me chamou da sala porque ia começar o desenho do meu tempo (ahã, tem disso também) que eu adorava. Eu perguntei qual, um pouco para ganhar tempo, um pouco para puxar assunto e ver a quantas andava o conhecimento dele por minhas preferências. Ele respondeu que era aquele dos monstrinhos, da "familiada".

Quando cheguei na sala para ver do que ele estava falando foi que a ficha caiu. Da mesma forma que eu confundia travesseiro com Fabrício, ele associava "familiada" com Família Adams.

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