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15.8.02

Só consegui dormir de verdade depois das 5 da manhã. Levantei às oito e meia. Deve ser por isso que não estou conjuminando*.

Será que é ambição demais querer silêncio e sossego para dormir?



*O verbo me veio a cabeça e me apareceu clara na lembrança a imagem de D., que o adorava, pronunciando-o. Fui correndo ver se isso existia mesmo ou se era mais uma de suas invenções. Está dicionarizado como alteraçaõ popular de congeminar. D. tem pouquíssimo estudo e lança mão de exotismos para disfarçar sua ignorância. Anda sempre empertigado e se você pergunta a opinião dele sobre qualquer assunto, imposta a voz e lasca sua resposta padrão ensaiada: Não me sinto habilitado a opinar. Se seu disfarce é engraçado, tudo fica patético quando ele relaxa e numa discussão mais acalorada insulta seu adversário: Nem o cebro de mil vaca é fraco que nem o teu.

D. é pessoa confiável. Pau prá toda obra. Amigo dos momentos mais difíceis. Aquele que segura alça de caixões e fuma contigo um charuto na sala de espera da maternidade. Sim, D. é do tempo em que se podia fumar em paz.

A mulher de D. nunca pôde trabalhar fora. Mulher de D. não se dá a esse tipo de desfrute. D. gosta de honrar as calças que veste. Sou provedor, sim senhor. Ela começou a vender seus produtos quando D. saia para o trabalho. Os conhecidos foram misericordiosos o suficiente para não contar nem sobre isso nem sobre seus passeios vespertinos. No dia seguinte ao casamento da filha caçula ela foi embora.

D. filosofa: pois é, cumadre, pois é... Até hoje o cebro de D. quase funde em conjuminância.

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