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22.4.03

Um Fenômeno Festivo


O ser humano é gregário. E eu sempre quis começar um texto com esta frase. Finalmente chegou a oportunidade.

É que eu vou falar sobre um fenômeno que me persegue. Sabe como é, a vida atribulada, trabalho, casa, prole, os mais velhos da família virando crianças dependentes novamente, o parceiro, o trânsito, a violência, tudo e muito mais faz com que não encontremos aquele amigo com a freqüência desejada. Então quando surge a oportunidade, como o aniversário do caçula dele, você vai cheio de vontade de passar algum tempo junto com seu camarada.

Mas a grana está sempre curta e não dá para contratar garçom. Seu amigo e/ou amiga tenta servir a todos, enquanto estabelece contatos breves, sempre se desculpando por não estar lhe dando a devida atenção. Você entende, já passou por isso, se oferece para dar uma mãozinha, mas nem assim consegue realmente estabelecer uma conversa de mais de dois minutos com ele/ela.

Você é uma pessoa sociável e não tem dificuldades em puxar papo e entrosar-se com outros que estão ali, mais ou menos na mesma situação que você. E você até se diverte, afinal, são amigos dos seu amigo e você acaba encontrando algum ponto de contato, alguma afinidade.

O problema é que provavelmente no ano seguinte você vai encontrar-se na mesma situação. Vai voltar à festa de aniversário do rapa-de-tacho do seu brother do coração e vai encontrar os mesmos desconhecidos (para você) de sempre. Claro que, depois de um ano, mesmo que em algum momento você tenha sido formalmente apresentado a eles, você já não se lembra mais dos nomes, conhece o sorriso, mas já não sabe mais que apito ele toca. É parente, colega de trabalho, mãe do coleguinha da escola? Quem são mesmo? Qual é mesmo seu nome?

Assim, você pode formar uma rede de desconhecidos íntimos que riem com você, comem com você, bebem com você, discutem juntos as grandes questões mundiais e querem bem às mesmas pessoas que você, mas você já não tem mais coragem de perguntar o nome porque já "conhece" o sujeito há uns dez anos, mesmo que cada novo encontro seja um recomeço. Com sorte, no meio da coversa, surge uma pista, um nome, uma luz.

Entretanto, o melhor de tudo é quando algum daqueles eleitos pelo seu amigo, também vira seu amigo e os encontros de vocês independem do elo inicial, embora um chope com um deles seja sempre um ótimo motivo para convocar o outro.

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