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13.4.04

Agressão nas escolas


O que é o "bullying"?

"Bullying" direto: "Um aluno está a ser vítima de violência continuada quando é exposto repetidamente, durante um longo período de tempo, a uma ação negativa por parte dos outros alunos." (Olweus, 1991)

"Bullying" relacional: "Consiste em provocar danos emocionais num colega, manipulando as suas relações com os outros; provocando-lhe assim uma sensação de exclusão social." (Crick & Grotpeter, 1995)

Quais são os diferentes tipos de "bullying"?

Físico: Bater, pontapear, roubar ou danificar bens alheios.
Verbal: Chamar nomes, provocar cruelmente, ameaçar e intimidar.
Relacional/psicológico: Exclusão social, espalhar rumores maliciosos, pôr fim à amizade propositadamente.

O problema da agressão continuada

Uma criança é considerada vítima quando está exposta a ações negativas repetidas ao longo do tempo e quando há desequilíbrio de poder.(Olweus, 1991) Investigações fazem geralmente a distinção entre agressão física direta, agressão verbal e agressão indireta ou relacional. A agressão física direta constitui comportamentos tais como ser roubado ou levar uma sova. Agressão verbal inclui chamar nomes, gozar ou fazer pouco, fazer chantagem ou ameaçar. Agressão indireta ou relacional refere-se a comportamentos tais como boatos maldosos, deixar a vitima fora das brincadeiras.

A agressão continuada é um comportamento social complexo. As crianças podem ser consideradas unicamente agressores quando só agridem outras crianças e nunca são as vítimas, unicamente vítimas quando é agredida por outras crianças mas nunca as agride, agressor/vítima quando a criança por vezes agride outras crianças e por vezes é agredida, e crianças neutras que nãos e envolvem em situações de agressão nem são vitimas destas. Alguns investigadores (Salmivalli et al., 1996) examinaram aprofundadamente a agressão continuada como um processo de grupo e ainda usaram outros termos como 'assistente' para a criança que ajuda o agressor, 'defensor' para a criança que ajuda a vítima e 'outsiders' para as crianças que observam a agressão mas não se envolvem diretamente nela.

Qual é a dimensão deste problema?

Investigações recentes revelam que a agressão continuada é um problema a nível mundial, no entanto a incidência varia nos diferentes países e culturas. Investigações de Wolke et al. (2001) revelam que 1/3 de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico são freqüentemente vítimas de agressão continuada e 17% das crianças admitem agredir outras crianças regularmente.

Outros estudos sobre o 1ª e 2ª Ciclo do Ensino Básico (com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos) mostram que a vitimização varia entre os 8% e os 46% enquanto a agressão é menor, variando entre 3% e 23%.

Wolke et al. (2001) concluíram também que chamar nomes feios é a forma mais freqüente de agressão continuada, seguida de bater e dizer mentiras sobre a vítima. Muitas crianças relataram serem agredidas na sala de aula e no recreio por colegas da sua própria turma.

Conseqüências da agressão continuada

Ser vítima de agressão continuada pode trazer sérias conseqüências para o indivíduo e para a sua família e este problema tem sido associado a comportamentos como distúrbios na conduta, hiperatividade, e rivalidades (Wolke et al., 2000), problemas de saúde (Wolke et al., 2001), insucesso escolar (Sharp & Thompson, 1992), vadiagem (Sharp & Thompson, 1992), depressão e problemas de ansiedade (Salmon et al., 1998), e até suicídio (Rigby, 1998).

O problema da agressão continuada

Problemas de agressão continuada acontecem em todas as escolas e estudos de investigação indicam que é um problema com grande incidência. As escolas têm um contexto social perfeito para a agressão continuada, porque muitos comportamentos conseguem passar despercebidos. Os lugares mais citados para ocorrerem as agressões são os recreios e as salas de aula. A agressão no recreio é difícil de detectar por parte dos professores porque estes nem sempre estão presentes. Na sala de aula é difícil de identificar porque é normalmente uma agressão mais subtil, de natureza relacional. Muitas vezes, pela cultura da escola, a criança prefere sofrer em silêncio do que acusar o agressor.

Os professores podem estar a par dos efeitos possíveis da agressão continuada nas crianças mas por vezes não conhecem os sinais de aviso:

- Uma criança muito calada pode tornar-se mais retraída
- Algumas vítimas podem tornar-se agressivas como meio de lidar com a frustração
- Pode haver deterioração na performance escolar
- Pode haver falta de concentração no trabalho escolar
- No intervalo, a vítima pode hesitar e perder a vontade de ir ao recreio
- A vítima pode sentir-se perturbada ou aflita antes da hora do intervalo
- A vítima pode fingir estar doente ou atrasar-se de propósito
- As outras crianças da turma podem mostrar relutância em sentarem-se perto da vítima
- As outras crianças podem recusar-se a trabalhar em grupo com a vítima
- A vítima pode mostrar-se relutante em responder a perguntas da aula
- Outros alunos da turma podem rir-se, escarnecer, gozar a vítima
- A vítima pode mostrar-se relutante em receber um elogio do professor
- Os bens da vítima podem começar a desaparecer ou a aparecer vandalizados.

O que deves tentar NÃO fazer se estiveres a ser vítima de agressão continuada:

· Lutar com o agressor, especialmente se ele for mais forte do que tu
· Culpar-te por seres agredido
· Não ir à escola e fingir estar doente
· Começar a chorar em frente do agressor
· Ignorar o agressor e rir na cara dele
· Chamar nomes ao agressor e gozar com ele também

Se és um agressor, pensa nas razões porque está a agredir os outros:

· Pensa em formas melhores de te divertires - Como te sentirias se fosses a vítima?
· Pensa se os teus amigos realmente gostam de ti e admiram o que fazes
· Passa-se alguma coisa na tua vida que te leve a agredir os outros?
· Tens noção de como estás a fazer a vítima sentir-se e das conseqüências do teu comportamento nas outras pessoas?


(retirado daqui, com algumas adaptações para português do Brasil)

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O assédio moral no ambiente de trabalho


O assédio moral no trabalho, também conhecido como mobbing, é muito mais grave e comum do que se pensa: na Inglaterra, por exemplo, 16,3% dos trabalhadores já foram vítimas do mesmo. Na Europa, atualmente, o mobbing responde por cerca de 15% dos casos de suicídio. No entanto, entre nós o fenômeno não vem recebendo a atenção que mereceria.

Conceitua-se como mobbing a adoção deliberada e continuada de comportamentos que visam à humilhação e ao constrangimento da vítima, com o objetivo de destruí-la psicologicamente e afastá-la do ambiente do trabalho em virtude de licença médica, forçando-a a pedir demissão ou, em casos mais graves, levando-a ao suicídio. Pode ser praticado por um superior hierárquico (mobbing vertical), pelos colegas de trabalho (mobbing horizontal) ou, em casos raros, até mesmo pelos empregados contra um chefe (mobbing ascendente). Veja-se que o assédio moral não se confunde com o assédio sexual, pois este busca a sujeição sexual da vítima, enquanto aquele se destina à destruição psicológica da mesma. Além disso, as pesquisas mostram que a vítima do assédio sexual, majoritariamente, ainda é a mulher, enquanto no assédio moral não há qualquer relação com o sexo da vítima. Muitas vezes, no entanto, a rejeição ao assédio sexual é a causa do assédio moral, pois o superior rejeitado dá início à perseguição sistemática da vítima.

Os métodos mais comuns, na prática, são os seguintes:

a) isolar a vítima do grupo, cortando-lhe as relações sociais. No mobbing horizontal, são os colegas que evitam dirigir a palavra, tratando a vítima com desprezo e não a convidando para as festas e comemorações, conversando sobre ela como se não estivesse presente; no vertical, o chefe coloca a vítima para trabalhar em sala isolada, onde não possa ter contato com os colegas, não lhe permite participar das reuniões ou dá informação errada sobre a hora da mesma, etc.;
b) destruir-lhe a auto-estima, com brincadeiras ou humilhações que a ridicularizem na frente dos colegas ou mesmo dos clientes, às vezes resultando em uma reação descontrolada, que será usada contra a própria vítima;
c) constrangimento e desqualificação, atribuindo-lhe tarefas inúteis ou degradantes, aquém da qualificação profissional do cargo, ou então fixando metas impossíveis de serem atingidas, forçando a vítima a um desdobramento no trabalho para, ao final, dizer-lhe que aquilo não vai servir para nada.

Esse terror psicológico, além das conseqüências psíquicas, também gera conseqüências orgânicas, podendo causar problemas gástricos, úlceras, dificuldades respiratórias, dores musculares, etc. Por outro lado, o empregador pode ser responsabilizado por danos materiais e morais, mesmo no caso do mobbing horizontal, pois tem a obrigação de fornecer aos seus empregados um meio ambiente de trabalho saudável, fiscalizando e intervindo toda vez em que essa obrigação não estiver sendo atendida.

(texto de Aldemiro Rezende Dantas Júnior - Juiz do Trabalho e Mestre em Direito Civil)

(retirado daqui)

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