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12.4.04

Odeio segunda-feira de manhã


O vizinho

Temos um vizinho que funciona em outro fuso horário. Ele trabalha normalmente madrugada a dentro em eventos promocionais. Ele compartilha o mesmo espaço que nosso carro na garagem do prédio. Muitos vieram antes dele e o arranjo era simples: o vizinho ficava com as chaves do nosso carro e nós com as chaves do carro do vizinho. Assim, por mais chato que fosse ter que tirar dois carros e colocar um de volta a garagem, não havia maiores problemas na hora de sair motorizado de casa.

Mas nosso atual colega de vaga cada dia dirige um carro diferente, de acordo com a empresa em cuja promoção esteja envolvido. Não é possível nos deixar um conjunto único de chaves. Então o combinado é que ele, depois de estacionar, deixe a chave do veículo do momento à nossa disposição.

Ontem ele esqueceu deste acerto e não deixou a chave. E ao que tudo indica o mesmo fator que afetou sua memória quando chegou em casa em hora avançada, provavelmente o fez ter um sono de pedra hoje bem cedinho. E na hora de meu marido favorito sair para o trabalho, nem chaves, nem campainha, nem interfone, nem telefone, nem batidas à porta, nem berros ou chutões fizeram o querido amigo do andar debaixo largar a conversinha com Morfeu.

As notas fiscais do taxi para o escritório estão guardadas e qualquer eventual desconto por atraso já tem credor garantido.

Alvorecer perfumoso

Como se não fosse suficiente a poeira e o barulho gerados pelo furor demolidor de nosso alcaide, que resolveu reconstruir praticamente a partir do zero o famoso ginásio aqui em frente e deixá-lo pronto para o Pan de 2007 antes das eleições no final do ano, agora tenho meu próprio inferno particular.

Os operários chegaram cedo para concluir a obra que deixaram inacabada no meu banheiro desde aquele dilúvio doméstico do início do ano. Os mais assíduos por aqui devem lembrar que os canos do condomínio estouraram sobre a minha cabeça e inundaram meu apê. Os azulejos estavam fora de linha, havia outros pontos urgentes a serem consertados, patati, patatá e só hoje voltaram para arrumar as paredes que deixaram nuas, em carne viva.

Uma mudança básica fez-se necessária e lá fui eu transportando para outros lugares potes e vidros e frascos e toalhas e toda sorte de tranqueira que acumulo num dos meus cantos favoritos da casa, principalmenete para a leitura. Não quero minhas coisinhas empoeiradas. Nem os objetos que cuidam do meu amor.

Arranjei umas bolsas bonitinhas e fui ajeitando nossos pertences de forma a deixar mais à mão o que usamos com mais freqüência. Não que eu acredite nos prazos que eles nos deram para conclusão. Páscoa foi ontem e o coelhinho já foi embora. Mas tenho muita esperança, sempre.

Só que uma das bolsas estava já meio velhusca, parece que a cola venceu seu prazo de validade e ela desfez seu fundo quando a levantei pelas alças. Plém-belém-plá-pim-pim-pim! Sabe aquele vidro de perfume masculino. Pois é, o vidro não existe mais, mas o perfume está pela casa inteira.

Assim como o esporro e o pó.

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