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23.2.02

Do baú

AMIGO É PRÁ ESSAS COISAS

- O que é que houve, meu camarada? Tu tá amuado, nem parece o meu chegado Tonhão...
- Nem te conto...
- Aaaaaaah, não! Cê vai me dar licença, mas eu vou sentar aqui e ficar
contigo até tu abrir esse peito e contar tudinho que tá te azucrinando. Quem sabe eu posso te ajudar? Às vezes só falar já alivia. A gente somos ou não somos camaradas?
- Somos... Claro! Mas é que é coisa minha, cê sabe... Daquelas que a gente num conta nem pro travesseiro. Cê tá me entendendo?
- Olha, Tonhão. Vamu fazer o seguinte: tu toma uma por minha conta. Traz uma aí, Pará! Põe aqui pro Tonhão que ele tá na precisão. Valeu! Toma! Vira! Isso, garoto! E então, deu prá esquentar? Tá melhor, num tá? Quer outra? Pará, mais uma. E põe na minha conta, que eu tô podendo. Te contei, Tonhão, que fiz um serviço numa casa de madame? Fiquei meio cabreiro porque madame é muito bom na hora de encomendar, mas na hora de pagar é outra história. Mas a perua pagou tudo, de uma vez, direitinho e gostou tanto que já deu dica de
outras colega dela prá mim visitar e ver se descolo alguma outra bocada. Puxa, tua cara já melhorou. Viu só? Num tem mágoa que uma água que passarinho não bebe não resolva...
- Tu deve de estar certo... E sabe o quê? Eu é que devo estar vendo coisa, procurando chifre em cabeça de cavalo...
- Ih!... É coisa com comadre Nega, é?
- E o que mais havera de me deixar desse jeito, homem? Aquela nega é minha vida, tu sabe...
- E o que que houve?
- Tu conhece a Nega... Tem aquele jeitão despachado, cara de braba, mas a gente se damos bem. Ela briga, reclama, mas quando escancara aqueles dente e solta aquela gargalhada, alumia até noite sem lua.
- Pois então...
- Agora deu prá não sorrir mais. Nem xingar meus sapato no meio da sala ela xinga.
- Hum...
- Tu sabe que com criança pequena em casa as coisa de casal muda um pouco, né? Tem que esperar o Uoxinto dormir para a gente podermos vadiar... E às vezes ele dorme depois de mim... É chato... Mas quando tudo dá certo a gente tiramos a forra.
- Êta! Peraí um pouquinho... Pará... Mais aqui... Pronto! Vai, fala...
- Então... Aí no dia seguinte, enquanto faz meu café a Nega canta que é uma beleza, faz festa no menino, essas coisa...
- ...Que tu é homem de saber fazer mulher ficar feliz...
- É... Aí essa semana o Uoxinto começou na escolinha e tem dormido cedo, cansadinho o bichinho. Às vez eu chego do trabalho e ele já tá lá
conversando com os anjinho do céu, no maior ronco...
- ... e tu e a patroa em lua-de-mel...
- É... Mas aí é que ficou estranho, porque a Nega não se ri, não tá cantando de manhã...
- Ih!...
- Um sujeito pode ficar com o coração calmo com uma coisa assim?
- Te entendo, te entendo...
- Acho que ela anda com saudade dos tempo de que era rainha da roda lá prás bandas da Boca... Tu lembra como a Nega dançava bonito? Todo mundo parava prá ver, dava gosto... Depois que a gente juntamos os trapo, nunca mais... Eu nem num pedi. Ela mesmo que num teve mais ânimo praquilo. Mas acho que agora tá sentindo falta... Quer brincar um pouco... Fica o dia inteiro socada dentro de casa, cuidando de panela, roupa e menino, tadinha... Às vez eu tenho pena... Fico pensando em levar ela prá dar uma volta na Boca, rever os amigos, dançar um bocado...
- Tu tá doido? Perdeu a razão?
- Por quê!?
- Tu num sabe como anda a Boca por esses dias! Aquilo tá cheio de malandro ordinário, mermão.
- É?
- E num é? Gente da pesada. Tu tá me entendendo? Ninguém respeita mais ninguém. Num tem mais aquela coisa do nosso tempo, não. Ó, vou te dar uma idéia, com todo respeito, porque te considero prá caramba, tu é meu irmãozinho e sei que num vai ficar chateado com teu compadre aqui: Nega é mulé jovem ainda, tá bonitona, mesmo depois de ter menino. Tô falando com respeito, hein! Pois tu vai lá mais tua Nega e chega um otário metido a malandro querendo tirar chinfra. Porque tu sabe que aqui todo mundo te respeita. Nega é a mulé do Tonhão e num tem mais assunto. Mas lá... Ah, meu irmãozinho, é tudo diferente. Eles acha que ninguém é de ninguém. Vai por mim: tu vai te aborrecer. Vai entregar o ouro ao bandido. Claro que a comadre vai fazer ouvido de mercador prás cantada barata. Mas o que que um homem como tu ia fazer se passassem a mão na tua Nega? E hoje em dia, neguinho só quer resolver questã no teco.
- É... tu tem razão... Mas como é que eu vou tirar este quebranto da Nega?
- Tu lembra do João Malé, aquele que vendia de um tudo aí pelas vielas? Então, rapaz, de grão em grão a galinha enche o papo. Ninguém dava nada pelo crioulo e ele guardando seus trocado... Outro dia abriu um bar ali embaixo, perto da Esquina do Pecado. Coisa de muito luxo... Bom gosto que num sei de onde aquele camarada tirou... Pois bem, fui lá outro dia com a Wladislene. Música boa, só casalzinho, bem família... A gente dançamos prá valer... Se divertimos prá caramba e num teve nenhum engraçadinho prá mexer com ela, porque todo mundo tava acompanhado. O maior respeito, percebe? É num lugar assim que tu tem que levar a Nega...
- Será que ela gosta?
- Claro, comadre Nega é mulé fina, sabe o que é bom...
- Isso é mesmo...
- Então... Olha tive outra idéia: Wladislene adora o teu moleque. Mesmo que ela não fosse a madrinha dele ia adorar aquele garoto, porque ele é um menino de ouro...
- Ele é mesmo uma coisa, né? Sabe que outro dia eu cheguei em casa com um agrado prá ele e ele abriu correndo, deixou o brinquedo de lado e ficou brincando com a caixa? Eu pegava o brinquedo, mostrava prá ele, mas ele só queria saber da caixa. O moleque tem opinião que nem a mãe...
- A Wladislene adora o Uoxinto. Eu também tenho o teu menino em consideração de filho. Você faz o seguinte: deixa o garoto com a gente, vai se divertir com a comadre na casa do João Malé e depois... Ah, ah, ah... Tu já viu o novo motel que abriu lá na estrada? O Alemão falou que é coisa de responsa e que é baratinho, quer dizer, dá prá gente pagarmos sem apertar muito, sabe? Tu vai lá, dá um trato na Nega e quero ver se ela canta ou não canta...
- Cês ficam mesmo com o moleque?
- E prá que que serve os amigos? A gente temos que se ajudar, ué...
- Eu acho que a Nega vai adorar...
- Claro!...
- Puxa, tu é mermo um irmão. Num é à toa que a gente te escolhemos prá batizar o menino...
- Ah!... Deixa disso que tô ficando encabulado.
- Vou falar com a Nega...
- E pode deixar que essa eu acerto que tu vai precisar de algum prás tuas investida romântica. Num esquece de comprar umas flor prá ela... Um vestido bonito...
- Tá, tá... Deixa eu ir que tu tá me enchendo de idéia... Valeu, mermão! Té mais...
- Vai pela sombra... Tu tá vendo, Pará, como é que é essa vida? Tu fica aí atrás desse balcão e vê tudo... Se eu não espremo este camarada, no que que num ia dar esse assunto? Eu aqui crente que o papo com a Nega foi só uma coisica à toa e ela já desgostando do Tonhão... Só me faltava essa... Se eu num tomo uma providência, Nega e Wladislene qualquer hora dessa tão descendo esse morro agarradas nos cabelo uma da outra. Essas mulé de hoje em dia tão muito carente, se apaixona por qualquer coisa. Eu, hein!

Mamma Meg mandou para mim e divulgo:

Vocês já ouviram falar do projeto Villa-Lobinhos? Não? Então não sabem o que estão perdendo: uma chance de a gente se orgulhar de ser brasileiro. Vou explicar. O Villa-Lobinhos é um projeto realizado (a duras penas, diga-se de passagem) com o apoio do Instituto Moreira Salles e do Museu Villa-Lobos, administração da ONG Viva Rio e coordenação pedagógica de Turíbio Santos.

O que eles fazem, basicamente, é oferecer bolsas de estudos para crianças e adolescentes de comunidades carentes aqui do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Essas crianças passam a ser atendidas em um ambiente muito simpático e acolhedor, onde recebem almoço, lanche e uma ajuda financeira para pequenas despesas. Mas o mais importante, para nós, é que dentro do projeto elas recebem também orientação musical completa: aulas de teoria, de instrumento, música de câmara, história da música, informática. Além de tutoria escolar e apoio psicológico.

O resultado é impressionante. Podemos dizer isso de cadeira, por que já vimos, e já ouvimos. Essas crianças estão tocando melhor do que muita gente grande, e o fazem com uma alegria e um amor que têm servido de exemplo para todos nós que tivemos contato com eles. Para vocês terem uma idéia, uma das muitas apresentações dessas ferinhas foi no Rock in Rio, junto com a super-fera Paulo Moura.

É um trabalho meritório e entusiasmante. A gente logo quer participar. Mas como? Muito simples. O projeto precisa desesperadamente de doações: instrumentos de qualquer espécie, ainda que não estejam em perfeito estado; aquela flauta vagabunda que está no seu armário há séculos, e poderia estar prestando um belo serviço; e aquelas toneladas de flautinhas doces (de plástico também serve!) que estão esquecidas no fundo do baú de brinquedos das crianças.

E mais: livros, partituras, estantes de música, computadores, CDs, fitas, aparelhos de som.... Usem a sua criatividade. Também não custa lembrar: dinheiro é sempre muito bemvindo, e muito bem aplicado, já que educar e alimentar tantas crianças custa caro. Atualmente o projeto já conta com vários padrinhos: pessoas ou instituições que se responsabilizam inteiramente por uma criança. Atualmente duas crianças estão sem padrinho e correndo o risco de serem excluídas do projeto. Não vamos deixar que isso aconteça, não é?

Como doar? Fácil, fácil. É só entrar em contato com o Rodrigo Belchior, pessoa fabulosa e alma do projeto. O telefone dele é: 21- 215 0766, ou celular 21-9956 0475, ou então no Projeto Villa-Lobinhos, 21-540 5890. O e-mail dele é : Villalobinhos@vivario.org.br.
Ou rodflauta@ig.com.br.
Mas o que é a Feiticeira na Casa dos Artistas II - O Retorno? Claro, eu sei que em público você não sabe quem é a Feiticeira nem jamais perdeu o seu precioso tempo vendo aquela baixaria total criada pelo Mago Abravanel. Mas, não tem ninguém olhando agora. Você pode admitir que sabe muito bem quem é a Feiticeira e que de vez em dá vazão aos seus instintos voyeurísticos dando uma olhadinha nos artistas da Casa dos Idem II - A Vingança. Mas a pergunta da vez é: o que é aquele homem forte e espadaúdo no qual se transformou a outrora calipígia e curvilínea Feiticeira? Será a mais nova tendência?

Vai ver o restante deste texto maravilhoso.

22.2.02

Sei não...
Tive uma idéia brilhante para um post.

Esqueci...
Eu só quero:

- pão de queijo
- geléia de morango
- guaraná
- pão francês quebrando de fresco
- manteiga com sal
- café com leite morno
- queijo prato
- suco de laranja
- doce de mamão verde

Estou sem fome...
Programa imperdível para balzaquianos em geral:

O Museu da República apresenta, dentro do projeto TV Nostalgia, uma retrospecitva de Vila Sésamo. A gente vai poder matar a saudade de Ana Maria (Sônia Braga), Juca (Armando Bogus), Gabriela (Aracy Balabanian), Antônio (Flávio Galvão), Garibaldo (Laerte Morrone) e Gugu. A exibição neste sábados acontece entre 10h e 17h e, nos intervalos, André Monteiro, o organizador, apresenta desenhos e comerciais infantis antigos.

Então, um aperitivo para amanhã:












Quem me dera agora:




Recebi por e-mail e vou postar porque nunca é demais. A bola está conosco, já que se formos depender dos governantes estamos ferrados.

Dengue: saiba como prevenir, identificar e tratar a doença

Água parada em pneus, vasos, caixa d'água aberta. Pronto. Não precisa mais nada para que o mosquito aedes aegypti se desenvolva e saia por aí infectando as pessoas. A dengue é uma doença infecciosa que pode ser grave, chegando até a matar, mas fácil de evitar. Basta tomar alguns cuidados básicos.

Sintomas

A dengue é uma infecção causada por um vírus que possui quatro sorotipos diferentes: Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. Os principais sintomas da doença são febre alta, náuseas e vômitos, dores de cabeça, nos olhos e no corpo, fadiga, prostração (pessoa abatida, enfraquecida), manchas avermelhadas, fraqueza e falta de apetite.

Após ser picado pelo mosquito, o paciente só vai apresentar os sintomas depois de três a 15 dias. Esse intervalo entre a picada e a manifestação da doença chama-se "período de incubação".

A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa, nem por água ou objetos contaminados. A doença somente é adquirida através da picada do mosquito vetor.

Sintomas da dengue: dor de cabeça, febre alta, dores nas articulações, falta de apetite, fraqueza, manchas avermelhadas.

Tratamento

O primeiro passo a ser tomado por um paciente com os sintomas da doença é consultar um médico ou procurar um posto de saúde. Quanto antes o tratamento for iniciado, mais rápido será a recuperação.

O tratamento da dengue é de suporte, ou seja, alívio dos sintomas, reposição de líquidos perdidos e a manutenção da atividade sangüínea. Em nenhum momento o paciente deve se automedicar. Cuidado com os medicamentos à base de ácido acetil salicílico, como a 'Aspirina' e o 'AAS'. Eles podem agravar os sintomas da doença. Não há vacina para a dengue.

Aedes aegypti, o vilão da dengue

O verão é a estação preferida do aedes aegypti. Com as freqüentes chuvas e o desleixo da população, o mosquito se reproduz nas águas paradas em pneus, latas, tampinhas e tudo o mais que pode abrigar uma poça, seja uma piscina vazia ou um balde velho jogado em um canto. O mosquito adulto vive em média 45 dias.

A transmissão da doença, que é feita pela fêmea do mosquito aedes aegypti, raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16° C, sendo que a ideal gira em torno de 30° a 32° C.

O desenvolvimento do mosquito ocorre da seguinte maneira:

OVO => LARVA => PUPA => ADULTO

A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar quente, úmido) e em 48 horas acontece o desenvolvimento do embrião. Os ovos que carregam esse embrião podem suportar em até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes. Sendo essa uma das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar da fase do ovo até a fase adulta, o aedes demora em média dez dias.

Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após se tornarem adultos. Depois deste acasalamento, as fêmeas passam a se alimentar de sangue, que possui as proteínas necessárias para o
desenvolvimento dos ovos.

Segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a fêmea do aedes voa até mil metros de distância de seus ovos. Com isso, os pesquisadores descobriram que a capacidade do mosquito é maior do que os especialistas acreditavam.

Dengue Hemorrágica

A dengue hemorrágica atinge as pessoas que já tiveram a doença e que possuem anticorpos para defender o organismo do subtipo do vírus.

Segundo o infectologista Jorge Amarante, de São Paulo, o "paciente, quando reinfectado, fabrica anticorpos em uma quantidade tão grande a ponto de lesar os vasos sangüíneos, inflamando-os. É uma
manifestação de hipersensibilidade à dengue". Essa hipersensibilidade provoca sangramentos pelo nariz, boca e tubo digestivo, gengiva ou ginecológico.

Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sangramentos. A pressão arterial cai, os lábios ficam roxos, e o paciente sente fortes dores no abdômen, alternando momentos de sonolência com agitação. O quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar o paciente à morte em até 24 horas.

De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 15% a 20% das pessoas com dengue hemorrágica morrem. "Essa é a forma mais grave da doença", explica Amarante.

Gripe ou Dengue. Como diferenciar os sintomas?

Muito parecidas, as duas doenças podem confundir a população.

"Geralmente, os paciente com dengue sentem uma dor no corpo grande demais para não ter nenhum sintoma respiratório", explica o infectologista Jorge Amarante, de São Paulo. "Os sintomas da gripe
estão relacionados com tosse, coriza e congestão nasal, o que não ocorre com a dengue", acrescenta. "Outro dia, atendi um paciente com dengue que relatou sentir dores no couro cabeludo só de passar a mão pelos cabelos."

E o mosquito? Como saber qual é o aedes aegypti e um pernilongo comum?

Segundo os especialistas consultados é muito difícil diferenciar a olho nu o vetor da dengue de um pernilongo comum. Algumas diferenças: o aedes aegypti é menor do que o comum e possui manchas brancas intercaladas com escuras. Além disso, ele é mais escuro do que um pernilongo, que é marrom. Outra diferença está no horário em que o mosquito costuma picar as pessoas. Geralmente o comum ataca durante os fins de tarde e as noites. Já o aedes, pica durante o dia. Mas atenção, isso não significa que uma pessoa picada por um mosquito ao meio-dia, por exemplo, está correndo risco de ter sido infectada pelo vetor da dengue.

Se o leitor encontrar um mosquito que julgue ser diferente do comum deve notificar a Secretaria de Saúde do município ou a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen). Os especialistas realizarão testes e informarão se há realmente o perigo da doença, além de acabar com o criadouro do mosquito.

Uma pessoa pode contrair dengue mais de uma vez?

Sim. Existem quatro sorotipos do vírus da doença, sendo classificados por 1, 2, 3 e 4. Uma pessoa infectada pelo vírus 1, por exemplo, adquire imunidade permanente para este sorotipo, mas não para o 2, 3 ou 4. Se ela for picada por outro mosquito com outro sorotipo da doença, ela terá novamente a dengue, podendo até a desenvolver a forma mais grave que é a dengue hemorrágica.

Onde procurar ajuda?

Ao apresentar os sintomas da dengue, o paciente deve rapidamente procurar um posto de saúde ou consultar um médico. É muito importante que a pessoa não se automedique. Essa prática pode complicar mais ainda o quadro da doença.

No ano passado, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em São Paulo inaugurou o "Ambulatório dos Viajantes", que além de orientar sobre as principais doenças infecciosas, realiza exames e encaminha os pacientes. Os interessados em outras informações podem ligar gratuitamente, para o telefone do ambulatório: 0800-555466.

História: Como a dengue veio parar no Brasil

Os primeiros relatos da incidência da doença no País datam de 1846, quando teria havido uma epidemia no Rio de Janeiro. Em São Paulo, há registros de epidemias entre 1852 e 1853 e também em 1916. Mas a primeira documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981, em Boa Vista, Roraima, causada pelos tipos 1 e 4.

Originário da África, o aedes aegypti foi introduzido na América do Sul na época da colonização. Alguns historiadores acreditam que ele veio em potes com água nos navios negreiros.

Em 1986, a epidemia atingiu gravemente o estado do Rio de Janeiro, provocando um milhão de casos da doença.

* Fontes: Sucen - Superintendência de Controle de Endemias; Ministério da Saúde; Secretaria de Saúde do Município de São Paulo; Funasa - Fundação Nacional de Saúde; Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz; Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).


Também é bom lembrar que os maiores criadouros de dengue estão em casa. Muito cuidado com vasos de plantas. Duas boas dicas são regar e borrifar as plantas com água misturada com algumas gotas de água sanitária e usar borra de café diluída em água nos pratinhos que ficam sobre elas. Nenhum dos dois procedimentos prejucam as plantas. O ideal mesmo é colocar areia nos tais pratos. Quem mora em casa com quintal deve ficar atento a vasilhames que possam acumular água e possam servir como berçário de "zebra bicuda".

Dia 9 de março será o dia de mobilização contra a dengue no Rio.

O Viva Rio está cadastrando voluntários que queiram participar do combate a esta epidemia, que deveria ter sido evitada pelo poder público. Esta é mais uma oportunidade da população provar que é forte e consegue sobreviver e cuidar de si apesar de tantos desmandos.
Todo mundo comentou e eu não. Estava esperando pelo Millôr:

Capicua. A propósito da hora, minuto, mês, dia, ano - 20:02 de 20/02 de 2002 - que passou, a tevê deitou e rolou no ápice da pretensão, com todos os matemáticos, videntes e outros esotéricos do consumo a postos nas tribunas da sabedoria: é uma capicua. Falando com empáfia o que todos, com determinado grau de educação, até eu, que sou rendeiro, sabem, ou têm obrigação de saber. Está bem, vamos lá, a coisa é interessante, interessantíssima, deve ser divulgada. Mas a tevê, sobretudo o Jornal Nacional - nosso oráculo de Delfos do horário nobre, teleguia de nossas informações diárias - fala sobre o assunto como se tivesse acabado de encontrar a solução do último teorema de Fermat. Com o olho rútilo da sabedoria. Mas, ao fim e ao cabo, Capicua é (e aí a pruderie que, durante o nosso jantar, exibe na tevê as maiores sacanagens, tem medo de dizer) pura e simplesmente juntar cu com cabeça. Chocados? Vem de Cap (caput), cabeça. Em latim fica menos ruborizante. Cu é português puro como, acho, todos sabem.
Ah, por isso mesmo capicua também quer dizer bissexual, gilete, cantareira.

Ainda, pra quem tem fé: qualquer capicua pode ser usada como talismã.


(Retirei daqui)





21.2.02

O post é público, mas o recado é só para ela, que vai me entender.

REZA FORTE
Autora: Bete Vitiello

Minha reza é forte, ela é de coroa
Ela vem do norte, é uma reza boa
A mandiga firmada lá no solo do sertão
É mandiga quebrada na ponta do meu facão
Na cumbuca assentada do lado de dentro do portão
Passa amigo e camarada, gente ruim não passa não
Vai-te embora mau olhado, ziquizira e amolação
Tá cortada a inveja, olho gordo e obssessão



(Tirei daqui, onde também se pode ouvir um trecho.)

Te apruma, criatura, que já mandei meu recado pro povo lá de cima!
Para Lu:

Banho Cheiroso
(Antonio Vieira)

você deve tomar banho cheiroso
prá acabar com essa mofina
e o corpo ficar jeitoso
você sente uma moleza
sem ter doença nenhuma
tem a vida atrapalhada
não consegue coisa alguma
então ouça o meu conselho
ele é muito valoroso
pois não perca mais seu tempo
e tome banho cheiroso
você deve tomar
banho cheiroso
prá acabar com essa mofina
e o corpo ficar jeitoso
ele é feito de tipy
pau de angola e puxuri
leva trevo de mulata
e também patchouli
jardineira, pataqueira
e também manjericão
leva rosa todo ano
amoníaco e açafrão.
você deve tomar banho cheiroso
prá acabar com essa mofina
e o corpo ficar jeitoso
Já que o clima está assim e a roupa gruda no corpo e não tem banho que resolva, vamos pelo menos cantar:

Mormaço
(João Roberto Kelly)

Você chegou,
Na minha vida lentamente,
Você foi paz,
Você foi gente,
Me fez feliz,
Me fez contente,
Você me deu,
O seu sorriso todo branco de paz,
E muito mais,
Me deu ternura e até prazer,
De viver,
E agora, sem você eu nada faço,
Seu amor foi o mormaço,
Que me queimou, sem querer,
Não vá embora, nunca mais,
Não quero acordar deste sonho,
Bonito, de paz.

20.2.02

Só pedra não!

Devo ter jogado umas bolas de canhão na cruz...

Credo!
Será que o Blogger também está de mal comigo?

19.2.02

Juro, Papai do Céu, vou ser uma boa moça e não desejo mais o mundo termine em barranco para eu morrer encostada!

Agora me deixa trabalhar em paz, vai?
Ah, não!!!!
Uma das coisas importantes que eu tinha planejado para hoje teve que ser adiada para, no mínimo quinta-feira.

Fazer o quê?

Planejamento é exatamente isso: uma vontade que querer controlar o que não tem controle.

E lá vou eu, como míope, tateando e me virando no que dá até que tudo se resolva em paz.

Amém!

15.2.02

Hein!?

Acabou?

Cadê o Guilherme de Brito que estava sentado aqui ao lado sendo homenageado?
Onde foram parar os blocos animadíssimos?
Cadê a velha 206 e o túnel que chora?
Cadê a Arte do Fogo e a sua artista, que explica que o nome Conservatória não tem a ver com conservatório de música, apesar da notoriedade de suas serestas, mas com a palavra de português arcaico usada para designar cartórios, como aquele fundado na região no século XIX?
Cadê os Arcos suntuosos e debochados do tempo que (quase) tudo corrói, por onde passavam, sobre trilhos, as riquezas, lágrimas de reencontros e de despedidas?
Onde estão os cabelos com spray dourado, a purpirina, as luas e estrelas que brilham no escuro, as fantasias elaboradas ou improvisadas, a espuma branca nas mãos das crianças, o riso fácil na boca de quem acabou de chegar a este mundo e quem dele já está se despedindo?
Alguém sabe onde foram parar os confetes e serpentinas, o calçamento de pedras arredondadas?
Você viu aquele senhor que estava tocando violão e que cantava com uma voz impostada?
Onde se escondeu a índia que não é índia, mas sim uma entidade das águas? Sumiu junto com sua cachoeira?

O quê!? Volta à real? Trabalho?

Hum...

Acho que vou precisar do final de semana para o processo de aclimação.

8.2.02





Fui!

O Primeiro Clarim
(Rutinaldo - Klecius Caldas)


Hoje eu não quero sofrer
Hoje eu não quero chorar
Deixei a tristeza lá fora
Mandei a saudade esperar...
La-rá-rá-rá
Hoje eu não quero sofrer
Quem quiser que sofra em meu lugar.

Quero me afogar em serpentinas
Quando ouvir o primeiro clarim tocar
Quero ver milhões de colombinas
A cantar, trá-lá-lá-lá-lá-lá
Quero me perder de mão em mão
Quero ser ninguém na multidão...
Lá-rá-rá-rá.

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Massa real
(Caetano Veloso)


Hoje eu só quero você
Seja do jeito que for
Hoje eu só quero alegria
É meu dia, é meu dia
Hoje eu só quero amor
Hoje eu só quero prazer
Hoje vai ter que pintar
Só quero a massa real
É o meu carnaval
Hoje eu só quero amar
Hoje eu não quero sofrer
Não quero ver ninguém chorar
Hoje eu não quero saber
De ouvir dizer que não vai dar
Vai ter que dar, vai ter que dar
Esse é o meu carnaval
Vai ter que dar, vai ter que dar
Só quero a massa real.
Adivinha quem virou blogueiro!
Não esquecer de levar:


Favela Chic - Postonove
Compilation





Editeur : Vogue
Distributeur : Bmg
Support : CD Digipack
Parution : 12/06/2001
Genre : Monde Amerique Latine
Gencod : 0743218416224

1 Manda O Som Dj
2 Eu Sou Favela - Bezerra Da Silva
3 Batucada - Walter Wanderley
4 Eu Tambem Quero Mocoto - Erlon Chaves
5 Eu Nao Vou Mais - Ed Lincoln
6 Vendedor De Bananas - Os Incriveis
7 Criancas/oba La Vem Ela - Jorge Ben
8 Cuidado Com O Bulldog - Jorge Ben
9 16 Tolenadas - Funk Como Le Gusta
10 Mangueira - Seu Jorge
11 Simbarere - Antonio Carlos E Jocafi
12 Trem Batucada - Os Reis Du Batuque
13 Aquecimento De Capoeira - A Coisona
14 Megamon - Batutinha Dj
15 Mengoooo
16 Porrada Solucao - Bonde Do Gorila
17 Coca-agua-skol
18 Popozuda Rock'n Roll - De Falla
19 Chinelo De Rosinha - Trio Nordestino
20 Edmundo (in The Mood) - Elza Soares
21 Alegria De Voces - Jair Rodrigues
22 Mar Do Postonove
23 Rosa, Menina Rosa - Jorge Ben
24 Morte Da Sandalia De Couro - Bebeto
25 Acabou


O Favela Chic é a maior sensação da noite parisiense.

Kenzo e Vampeta, Lia de Itamaracá e Issey Miyake, Patife e DJ Dolores. O club parisiense Favela Chic tornou-se, em seis anos de existência, um dos mais democráticos points de encontros de plebeus e bombshells, jogadores de futebol e pin-ups da capital francesa.

Espécie de comunidade alternativa do século 21, esse projeto pessoal e profissional da dupla Rosane Mazzer, brasileira, e Jérome Pigeon, francês, surgiu em um pequeno bar de 40 metros quadrados na Rue Oberkampf, em Paris (atualmente, está no canal St. Martin).

Pigeon, que também se investe de vez em quando da persona do DJ Gringo da Parada, tenta encontrar uma fórmula que drible o estereótipo nacional, sem renegá-lo.


(resumo do que encontrei aqui)

Comunidade do balaco
Paula Alzugaray

O lema da casa é desordem e progresso. Mas é com hospitalidade e alegria que o casal Jérome Pigeon e Rosane Mazzer recebem 10 mil pessoas por mês, em sua casa, em Paris. Casados há seis anos, eles são os donos do Favela Chic, o espaço que virou referência musical da noite parisiense, investindo nas misturas exóticas. Nas pic-ups: de Jorge Ben a Sex Pistols. Na cozinha: crepe com moqueca de siri. “A primeira vez que fui a uma favela, vi a arquitetura do que eu queria reproduzir em forma de som. A estética do Favela Chic é essa: um mix harmônico e caótico”, conta o francês Jérome, de 36 anos.

A dupla está no Brasil para promover o CD Favela Chic Postonove (BMG), fruto da Fla-Flu Produções e o primeiro de quatro álbuns dedicados à música brasileira. “O CD é como uma noite no Favela. Vai subindo de tom, de acordo com o número de caipirinhas que vai-se bebendo”, ilustra a brasileira Rosane, de 35 anos. De um samba de Bezerra da Silva de 1992, chega-se a uma Elza Soares safra 1965, passando pelo forró do Trio Nordestino.

A temperatura ferve na seleção de eletro funks e na ótima “Coca-Água-Skol”, um funk sampleado com capoeira pelo DJ Gringo da Parada -- nome de guerra de Jérome. Para incluir na compilação “Popozuda Rock’n’roll”, de De Falla, ele enfrentou resistência dos amigos, mas seguiu seu instinto. “Popozuda é totalmente punk, uma das minhas preferidas. Todas as músicas pop são sexistas. Os Rolling Stones eram mais sexistas que ‘Popozuda’, há 30 anos”, defende o Gringo. O Favela Chic nasceu do romance. Rosane tinha um pequeno restaurante de comida brasileira, em Paris, em frente à casa de Jérome, que era cantor de punk rock. “Um dia, o som do restaurante pifou e o Jérome, que estava me paquerando, trouxe o dele.” Não saiu mais. A casa cresceu e a família também. Além das filhas gêmeas, Yasmin e Rubi, de 4 anos, a dupla está cercada de uma família de DJs, VJs, dançarinos, cozinheiros, garçonetes, seguranças, fotógrafos, músicos e cineastas, como a paulistana Gabriela Greeb, que nutre as festas da Favela com imagens da Ponte Cultural São Paulo -- Rio -- Paris.


(retirado daqui)

Para :

Esta capa do CD de Los Hermanos é um bate-bola (clóvis)



7.2.02

Sobre os comentários do último post:

Helô: Havia pistas no próprio texto sobre o fato de ser um sonho. Além de eu estar com a Aninha e a Jô, o gálaxi azul, o anacronismo das pessoas dentro dele, principalmente a presença do meu pai, que faleceu há mais de quatro anos e não conheceu nenhuma de minhas amigas ex-virtuais. Mas você precisaria saber destas coisas para reconhecer o absurdo.

Joyce: bingo! bingo! bingo!

: Clóvis e carrascos eram os mascarados que circulavam pelo bairro de Campo Grande e outros subúrbios nos Carnavais da minha infância. Os clóvis são mais conhecidos hoje em dia aqui no Rio como bate-bolas. Usam roupas largas e coloridas de cetim e máscaras horrendas feitas de uma espécie de tela que deixa quem está dentro ver fora, mas não o contrário. Originalmente usavam bexigas de boi infladas com ar amarradas a um cordão que eram utilizadas para bater nas pessoas (só os doidos violentos faziam isso) ou no chão fazendo muito barulho para assustar ainda mais as crianças. Os poucos remanescentes deste tipo de folia, usam agora bolas de plástico. Daí o nome. Os carrascos usavam o modelito típico com aquele capuz tradicional. Geralmente tinham guizos presos nas pontas das roupas, que poderiam ser (majoritariamente) negras, brancas ou vermelhas. Havia também um outro tipo, o pai-joão. Formado por grupos que resolviam cair na folia na última hora ou que não tinha dinheiro para a fantasia, suas roupas eram feitas com trapos, calças e camisas remendadas, lençóis e fronhas na cabeça, com dois nós amarrados.

5.2.02

Resolvemos tomar um café, daqueles cheios de coisas misturadas, como canela, rum ou toques de pimenta para apurar os sentidos e saborear melhor a conversa.

Para chegar ao local, subimos uma escadaria de madeira. O local ficava no alto de uma colina de onde podíamos ver a vizinhança através de suas paredes envidraçadas. Era dividido em diversos ambientes, decorados com temas distintos, mas sempre no estilo rústico chic. E eu pensei que a escolha havia sido acertada. Aquela sofisticação despojada agradaria AnaGon e um local confortável, onde pudéssemos passar muito tempo proseando, encantaria a Jomara.

Ainda era cedo. As mesas estavam praticamente vazias e podíamos ver uma certa agitação do lado de dentro do balcão e, por cima da porta que se abria como as de saloon em antigos filmes de bangue-bangue para a cozinha, os funcionários acabando de calçar suas luvas brancas e colocando seus chapéus. Não tínhamos pressa e nos acomodamos as três em um bom lugar, olhando vez ou outra displicentemente o cardápio que prometia, além do paladar exótico do café, delícias nos petiscos e sanduíches.

Entretanto demorou demais para que alguém aparecesse para nos servir. Levantei para ir ao banheiro e na volta resolvi ir até o outro salão que estava mais cheio e onde as garçonetes pareciam concentrar sua atenção para ver o que estava acontecendo. Chegando à porta vi que havia ali um enorme bufê onde as pessoas se serviam. Girei sobre os calcanhares para chamar minhas amigas, mas encontrei a porta do ambiente onde elas estavam fechada. Perguntei a uma mocinha uniformizada que passava apressada o que havia acontecido e ela respondeu que os poucos clientes estavam ali haviam sido realocados, porque aquele espaço não seria aberto ao público naquele dia.

O que teria acontecido com minhas companheiras? Fiquei vagando pelas outras salas e não as encontrei. Decidi subir até o ponto mais alto estabelecimento. Era uma espécie de loja separada, com um grande balcão margeado por bancos forrados de couro e algumas bancas espalhadas que expunham guloseimas e artesanato. Do lado oposto, suas portas se escancaravam para a rua paralela àquela pela qual havíamos ingressado. Uma rua de paralelepípedos com casas antigas que ficava bem no topo da colina.

Assim que cheguei e antes que eu pudesse pedir qualquer informação, a loja foi invadida por uma horda de adolescentes suados. Eles vinham acompanhando um bloco carnavalesco e entraram ali para beber alguma coisa refrescante. Pareciam não ser locais. E alguns aproveitavam para fazer pequenas compras típicas de turistas e outros admiravam-se com a vista privilegiada. Era eu a deslocada e decidi sair pelo mesmo caminho que chegara. Fui ainda olhando, tentado achar minhas amigas. Nada.

Do alto da escadaria de madeira pude ver um Galaxi azul pousado junto ao meio-fio. Uma de suas portas estava aberta e sobre ela se apoiavam os braços de Jomara e sobre eles seu queixo. Ela abandonou a pose de enfado quando seus olhos abandonaram o ponto perdido no horizonte que miravam e ela me viu. Acenou jovialmente, me chamando. Apertei o passo e vi que AnaGon estava lá dentro, os braços cruzados duramente sobre o peito, numa visível desaprovação ao meu sumiço e à minha demora. Não reconheci o motorista. Outras pessoas lotavam o monstruoso carro. Havia crianças e outros membros da minha família que não vejo há anos. Alguns com a aparência que tinham quando eu ainda era pequena. Meu pai me olhava com aquela expressão misturando censura e leniência.

- Vamos! Já é tarde!
- Não vai me caber aí...
- Então você vai no estribo. É Carnaval e esta banheira não anda nada mesmo. Segure-se bem!

Não sabia exatamente porque todos pareciam bravos comigo e não tive tempo de explicar o que acontecera. Apenas obedeci.

O carro subia e descia pelas ladeiras e íamos cruzando com diversos blocos. Um deles usava camiseta branca com seu nome e patrocínio da prefeitura. Outro era composto por moças vestidas com maiôs vermelhos, chifres e rabos em seta purpurinados e faziam evoluções com seus tridentes. Em outra rua, vimos um grupo de clóvis e, mais adiante, carrascos jogavam confetes e serpentinas em quem passava. Famílias acompanhavam os filhos fantasiados de baianinhas, piratas, palhacinhos, odaliscas, árabes, trogloditas, ciganas... As bandinhas tradicionais revezavam-se com os tambores pesados. Umas turmas mais animadas valiam-se apenas das mãos para acompanhar as músicas que cantavam.

A noite caía. Eu me equilibrava com facilidade e sentia o vento no rosto. Dividia minha atenção entre a festa e o pôr-do-sol que eu avistava quando chegava no alto das ladeiras. Pensei que deveria guardar cada rico detalhe deste Carnaval para escrever no blog.

E despertei.

4.2.02





Não me surpreendo com o nu, que nunca foi tabu aqui em casa. Nem com o movimento que o desenho sugere, já que é uma característica do traço dele. Tampouco estranho os olhos, já que ele é o mestre das expressões.

Mas de onde esse moleque tirou as luvas e o salto alto?


Dicas de economia


Recebi estas dicas por e-mail. A primeira, eu sei que é verdadeira. As outras ainda não testei. Se alguém se dispuser a fazê-lo, poderia confirmar ou corrigir?

1) Economize nos Correios.

Se você tem por hábito utilizar os Correios para envio de correspondência, observe que se você enviar algo de pessoa física para pessoa física, num envelope leve, ou seja que contenha duas folhas mais ou menos, para qualquer lugar / Estado, e bem abaixo do
local onde você coloca o CEP escrever a palavra Carta Social, você pagará somente R$ 0,01 por ela. Isso está nas Normas afixadas nas agências dos correios, mas é claro que nao está escrito em letras graúdas. A mesma carta, caso você nao escreva Carta Social, conforme explicado acima, custará cerca de R$ 0,27.

2) Auxílio Lista

Quando você precisar do serviço 102, que custa R$ 2,05, lembre-se que existe um concorrente que cobra apenas R$ 0,27 por informaçao. Telefone: 0300-789-5900

3) Economize nas ligaçoes.

Existe um serviço já disponível para SP e RJ de ligaçao gratuita de telefones comuns para telefones comuns. Como funciona: De qualquer orelhao ou telefone comum, discar 0800-900801 e, automaticamente, você ouvirá a mensagem do patrocinador da sua ligaçao. Após isso, ele pedirá para digitar o DDD e o número a ser discado. Esta ligaçao poderá ser feita para qualquer lugar do Brasil. O tempo de duraçao é de 1:30 min. Nada impede de serem feitas várias ligaçoes seguidas.
(Obs.: Nao sao aceitas ligaçoes para celulares.)




"Salgueiroooooooo
lalaiá
minha paixão, minha raiz,
Academia do Samba que me faz feliz"


Minha Mocidade Independente de Padre Miguel, jamais esqueço de você.

Amo esta terra brasileira e sua música e nesta época do ano meu sangue entra em ebulição, você sabe.

Samba é meu sobrenome, sei que você entende.

Então peço para que você compreenda que ter me arrepiado ontem quando o puxador de samba do Salgueiro começou o esquenta e toda a Rua Conde de Bonfim fez coro não é traição. É um amor grande demais por estas coisas muito nossas, que eu estava orgulhosamente mostrando para uma documentarista francesa, que quer exibir por este mundão a influência do candomblé na cultura brasileira. E o samba está entre seus assuntos. Foi por isso que eu pedi ao moço do caminhão de gelo para deixar que ela subisse e filmasse a bateria. Não é bateria nota dez do saudoso Mestre André, minha Mocidade. Mas Mestre Louro merece nosso respeito.

E como fazer, povo da Vila Vintém, para evitar que o baticum reverbere por todo o meu corpo? Como deixar de me encantar com as figuraças que transitam por ali?

Minha Mocidade, foi por você que soltei plumas na avenida e é por você que torço sempre na apuração dos votos. Então não se zangue comigo quando acompanho a paixão do meu marido e de toda a vizinhança e canto junto o samba da outra escola e não consigo domar os pés e os quadris.

Meu coração sempre será verde e branco, mesmo quando se traveste das cores de São Sebastião.

Eu posso contar a verdade
A essa gente
Que eu sou da Mocidade Independente


Início do ano letivo!

Volto a ter mais tempo para resolver minhas coisas sem ter criança por tanto tempo por perto, exigindo atenção e cuidados. A colônia aliviou um pouco o grude que pode se transformar um filho único em férias. Nenhuma mãe ama mais seu filho que eu (pode amar igual, mais nunca), mas há uma hora em que não conseguir sequer andar direito com uma criança entrelaçada em suas pernas acaba com qualquer paciência. E olha que nos divertimos muito juntos. Ele é companhia agradabilíssima. Mas até de mim preciso de certa distância às vezes.

Pois hoje as aulas recomeçaram. Há algo especial no primeiro dia de aula que eu sempre senti e creio que ele também sente. Tomou banho feliz (coisa raríssima), vestiu o uniforme com orgulho e agarrou a maçã que encomendou especialmente para oferecer à professora. Aliás estava tão preocupado em não esquecer do mimo que quando o deixei na escola o singelo arranjo que fiz já estava completamente roto.

Volta à cena a correria. Olá, horários mais rígidos! A temporada começou ainda mais atropelada porque a aula de hidroginástica atrasou, o almoço saiu mais tarde do que o combinado e voltei a me sentir numa avalanche de ponteiros.

A escola do meu filho até que é bem razoável quanto ao material solicitado. Já vi listas nas mãos de outras mães de fazerem todos os pelinhos do corpo arrepiarem. Ainda assim não me conformo com os tais "cinco tubos médios de cola" e saí de casa hoje arrastando quatro bolsas repletas de papéis, livros, cadernos, lápis, canetas e que tais.

Passa um pouco das três da tarde e, como meu dia quanse nunca termina antes da primeira badalada do dia seguinte, há ainda muito chão pela frente entre o momento presente e aquele em que minha cabeluda cabecinha encontrará enfim o travesseiro. E já estou exauta de determinar, distribuir, malhar, correr, comprar, banhar, untar, vestir, calçar, alimentar, carregar, pagar, caminhar, ler, processar, decidir, encaminhar, escrever, organizar, responder, vender, atender, entender, ligar...

... e assim vão passando os dias. E essa é a vida que nem pedia a Deus, mas ele sabiamente me deu. Porque é essa que tenho que me faz feliz. Porque ainda tenho muitos outros verbos a conjugar hoje. E entre eles estão beijar, abraçar, curtir, sorrir, conversar, acompanhar, brincar, namorar...

Pensando bem só sei conjugar um verbo.

31.1.02

DO BAÚ III

ENVERSADORA



Talvez seja assim com todo mundo. Aos sete anos despertei de meu mundinho inconsciente. Eu já conhecera a morte, a miséria pela janela, a injustiça, a violência, a inveja e outras tristezas, mas até então permanecera ainda ligada ao Guf, lugar onde, segundo o filme A Sétima Profecia, habitam as crianças ainda não nascidas.

Nesta idade mudei de cidade. Lembro de estar sentada num murinho no hotel onde ficamos hospedados enquanto esperávamos o cheiro de tinta da casa nova dar uma trégua. Um rádio distante tocava um samba e eu chorava. Era apresentada à saudade. No restaurante do hotel havia uma televisão que ficava ligada durante as refeições. E ali assisti ao incêndio do Joelma. Imagens fortes demais que colaram na minha retina e nos meus pesadelos. Claro que amava os pães de queijo, as aulas de natação, as roupas pesadas de um inverno seco, os novos amigos... Mas lamentava a perda do universo que conhecia. No diatante subúrbio carioca ficara meu Rosebud.

Não sei se por questão de sobrevivência psicológica, processo natural ou doidice, a Enversadora nasceu. Eu era então duas: a menina tímida que todos viam e a que apenas eu conhecia, que observava o mundo com olhos críticos e perspicazes. A Enversadora via uma situação e imaginava desdobramentos, como as coisas haviam chegado até ali... Ela também contava histórias para Carla,
mostrava detalhes... Foi minha companheira durante o restante da infância e um dia não estava mais lá da mesma forma. Talvez tenha se fundido, descoberto o caminho da unificação. E esqueci dela por muitos anos.

Voltei ao Rio e não encontrei meu Rosebud. Só há pouco percebi que é a Enversadora aquela que agora a maioria vê. É a menina tímida quem fica num canto obscuro de minha mente. Brincando com seu Rosebud...

VIZINHAS


Uma das coisas que mais gosto no meu apartamento é a vista. De qualquer uma das janelas da área social há uma ampla visão. Faz parte dos meus hábitos ao acordar me aproximar de uma delas e dar uma boa olhada no dia, no movimento, respirar a manhã. E entre uma atividade e outra ou simplesmente esperando alguma tarefa terminar de ser executada no computador, volto os olhos para este mundo que me cerca.

Na diagonal direita há um prédio com apartamentos enormes que passam a maior parte do tempo desocupados. Há pouco mudou-se para um deles uma família. Como o apartamento deles é praticamente a mesma altura que o meu, acabo involuntariamente sendo atraída pelo que se passa por lá. Já observei que tenho uma vizinha corpulenta que passa grande da manhã falando ao telefone de camisola à janela.

Ela me faz lembrar de outra que dividia o andar conosco. Devo explicar que nosso prédio tem bom isolamento acústico entre os apartamentos, exceto nas partes que abrem-se para a àrea interna. Do banheiro social ou da área de serviço ouve-se qualquer diálogo ou barulho mais alto que aconteça nas mesmas dependências dos outros apartamentos. Claro que a mesma regra vale para os ruídos que emitimos daqui. E tudo é amplificado pela própria natureza do vão.

E esta antiga vizinha falava o dia inteiro ao telefone na sua área de serviço. Além de sua voz, ouvíamos o trabalho incessante de sua lavadora de roupa, a qualquer hora do dia ou da noite, que ela supervisionava com afinco. O interessante é que moravam ali apenas ela e o marido. Não conseguia deixar de pensar em onde ela arranjava tanta roupa para lavar e também era impossível deixar de ouvir suas histórias.

Um dia, ouvi-a vangloriando-se com alguém ao aparelho por declinar sistematicamente convites para festas e comemorações. E afirmava orgulhosa de si que não faltava a um enterro e que se alguém precisasse de companhia para ir a um consultório médico ou para uma internação era mesmo com ela que podia contar.

Algum tempo depois soube pela porta-voz do prédio que ela estava gravemente doente e que o casal se mudaria. Não pedi detalhes, nem estendi a conversa. Jamais fui fã de futricas de portaria. Além disso, nunca trocamos mais palavras do que recomenda a cordialidade com a vizinhança. Entretanto estava chegando em casa no justo momento em que os dois fechavam definitivamente o apartamento e ela era carregada dali pelo marido. Esta extremamente pálida, com o rosto carregado de rugas que traduziam dores indizíveis. Mas em algum canto de seu semblante vi uma certa luz que me disse que ela estava muito feliz.

30.1.02

Caramba!

Desde ontem estou com posts presos que não aparecem no blog.

Que será que acontece?

Também não consigo abrir outros blogs.

Ai-ai!

29.1.02

O problema é com o blogger o com o terra/planeta? O último estava meio temperamenal hoje cedo. Agora os posts aparecem na edição mas não na página. É dura a vida de blogueira...


PERNAMBUCO MEU AMOR

ITAMARACÁ



Queria mesmo encontrar com Lia, mas esqueci quando vi aquela praia maravilhosa. Ainda bem que todos os passeios obrigatórios haviam sido feitos antes de aportarmos por lá.

Visitamos a mais antiga igreja do Brasil (não falei que eles adoram essas coisas?) em Igarassu. Não sou fanática por visitas a igrejas, por mais importantes que elas sejam, mas o que vi por ali foi de cair o queixo. Ela fica o alto de uma colina que merecia ser registrada com uma lente de 360º para conseguir abranger tamanha beleza. Um largo realmente impressionante.

Depois conhecemos o local que teria inspirado Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre. O guia pediu e vou aderir com prazer à sua campanha. A casa grande está em ruínas e merece ser restaurada. Estou aqui denunciando e solicitando que providências para a restauração sejam tomadas. Sei que este espaço é pequeno e humilde, mas cada um berra com a voz que tem. A senzala foi alterada, mas o engenho continua lá, para contar uma história triste por um lado e gloriosa por outro que não devemos esquecer. Ali perto fica um presídio agrícola, onde os presos de bom comportamento podem trabalhar durante o dia. De lá veio nosso guia, com cara tranqüila e simpaticona, que jamais denunciaria que por trás dela vive um homem que um dia cometeu um crime.

Conhecemos o projeto peixe-boi marinho, apoiado pela Petrobrás, que agora apóia projetos escolhidos a priori. Há uma grande verba destinda àqueles que tentam combater a imagem de destruidora da fauna e flora marinhas. O bicho é bonachão e preguiçoso e não deu a mínima bola para a gente.

Já no fim do passeio resolvemos conhecer o Forte Orange, que estava nos chamando desde que chegamos. Também precisa de uma restauração mais caprichada, mas encanta com a história tatuada em seus muros e com a bela trajetória do homem que cuidou dele sozinho por anos a fio.

Ainda tem muito mais para contar, um álbum repleto de fotos e muitas lembranças gostosas. Aos amigos que se interessarem, o convite para uma rodada de chope (ou café)...


PERNAMBUCO MEU AMOR

CARUARU



Você tem problemas de seca em sua região? Contrate a família C&P para uma visita à sua cidade. Ligue djá!

Acho que Caruaru jamais viu uma chuva como a que caiu sobre a sua Feira enquanto entávamos por lá. As ruelas que separam as lojas viraram pequenos rios e aproveitei enquanto estávamos retidos em uma das lojas para um prosa gostosa com a proprietária que queria saber do Rio e do Garotinho (não é que o cara consegui atingir o Brasil todo e já esté empatado tecnicamente nas pesquisas com a Sarneynta?), enquanto eu sugava tudo o que podia sobre o lugar. Voltamos de lá cheio de coisinhas interessantes e meio envergonhados por pagar tão pouco.

No almoço encaramos uma carne de sol completa. E quando digo completa, quero dizer completa. Além de dois nacos enormes de carne, arroz, macarrão, feijão verde, salada verde, maionese, farofa e nem me lembro mais o quê. Acho que foi ali mesmo em Caruaru que encontrei os quatro quilos que eu havia perdido no mês anterior.

No Alto do Moura fica o maior centro de arte figurativa das Américas. Os pernambucanos adoram coisas como "o maior isso", "o primeiro aquilo", "onde o país nasceu", "aqui começou o Brasil", essas coisas. O motorista que nos levou até lá falava pelos cotovelos, se auto-entitulava guia turístico e não parava de exaltar todas as maravilhas do estado. Achei muito bonito o orgulho que aquele povo tem da sua cultura e do seu lugar. De vez em quando exageram, claro. O máximo foi quando o tal dublê de guia nos disse que Pernambuco levava o Rio de Janeiro nas costas. Mas deixa quieto, que na volta para Recife eu só rezava para ele calar a boca, porque já tinha falado tanto que começava a se repetir, contar histórias familiares e piadas sem-graça.

Mas voltando ao Alto do Moura, fiquei relamente emocionada ao conhecer o Museu de Mestre Vitalino e lá o único de seus filhos que ainda dá continuidade à sua obra. Por lá também tive que me segurar para não deixar as lágrimas rolarem ao conhecer e conversar rapidamente com uma mulher rendeira. É bonito andar por ali e ver as pessoas modelando, pintando, trabalhando o barro...

Fomos também ao Museu do Barro, onde vimos obras de diversos mestres, em frente à praça onde acontece a famosa festa junina da região. Passada pelo Museu de Luís Gonzaga e uma volta rapidinha pelo de - pasmem - Elba Ramalho.

Feliz, feliz...




PERNAMBUCO MEU AMOR

PORTO DE GALINHAS



OK, somos turistas. Então vamos assumir de vez o papel e contratar uma empresa que nos leve a Porto de Galinhas.

Praia é praia. Certo? Quase. Ainda não tinha dado uma voltinha de jangada. Ainda não tinha, em pleno mar, deixado peixinhos coloridos comerem da minha mão. Ainda não tinha sido massacrada por ambulantes tão acintosamente. Ainda não tinha visto tantas cores de água numa só praia. Ainda não tinha conhecido nenhum nativo do Canadá ou da Guatemala (um casal improvável e muito simpático que já reencontrei de volta ao Rio e com o qual devemos manter contato, tamanha foi a integração e afinidade). Ainda não tinha feito uma tatuagem de henna.

E fazia muito tempo que não me dedicava com tanto afinco à tarefa de nada fazer.

PERNAMBUCO MEU AMOR

OLINDA



A dica pescada em algum lugar da Internet era um ensaio do Maracatu Nação Pernambuco. Acompanhamos as peripécias do grupo num espaço cultural que um dia foi um mercado. Por lá também encontramos uma exposição de bonecos gigantes do mundo inteiro e a concentração de outro maracatu que se preparava para subir as ladeiras da cidade que é Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Fomos conduzidos por entre aquelas antigas contruções ao som dos tambores e com passos de dança afro. Arrumamos um amiguinho chamado Rodrigo que nos mostrou alguns pontos turísticos e nos deixou extasiados lá no Alto da Sé, com uma paisagem deslumbrante aos pés, música brotando de todo canto e sorrisos que as pessoas simplesmente não podiam conter. Sentamos num lugar que poderia ser considerado bem modesto se suas janelas e varandas não estivessem pendurados sobre um dos cenários mais lindos em, que já coloquei os olhos. A noite foi chegando e a garotada foi tomando o lugar com seu fôlego de causar inveja e o som de diversos maracatus se confundiam. Deixa para que nós saíssemos de cena: a noitada começava e era hora de tirar os velhinhos do sol.

Na véspera de nosso retorno ouve o Baile da Cidade, com a presença de vários artistas, como o meu amado, idolatrado, salve, salve Alceu Valença, os famosos bonecos do Homem da Meia Noite e da Mulher do Dia e nosso já conhecido Maracatu Nação Pernambuco. Viajar com filho é bom porque a gente não fica dividido entre os prazeres da viagem e a saudade, mas também não pode enfiar o pé na jaca e enfrentar um baile de carnaval que começa na hora em que o bonitinho já está procurando cama. Estou me queixando? Não. Mas que fiquei com vontade de virar uma poça de suor dançando frevo, ah isso fiquei...

"Ó linda situação para se fundar uma vila"
(Duarte Coelho em 1535, ao dar de cara com aquele deslumbre)


PERNAMBUCO MEU AMOR

RECIFE



Obras de arte, igrejas barrocas folheadas a ouro, pontes, máscaras e danças. Veneza? Não! RECIFE!

Patrimônio histórico e cultural e um belo litoral. Casarões históricos, praias, igrejas, museus, feiras de artesanato e imponentes fortes. Marcas da colonização holandesa e portuguesa há mais de 450 anos, protegidas em todo o seu litoral por corais e arrecifes. Praia de Boa Viagem onde ficamos hospedados. Rua do Bom Jesus (ou dos Judeus) restaurada no Recife Antigo, point de badalação, com diversos performáticos marcando presença. Nesse bairro também se encontra o Marco Zero da cidade e uma enorme escultura de Brennand que não deixa ninguém na dúvida quanto ao motivo da enorme polêmica que causou. A Casa de Cultura de Pernambuco, a antiga Casa de Detenção que agora abriga artesanato. Delícias para o paladar. O Forte Cinco Pontas...

Espelho, espelho meu, existe país mais lindo que o meu?

Descubra mais aqui.


PERNAMBUCO MEU AMOR

FRANCISCO BRENNAND
"Não interrompam este silêncio,
não interrompam este sonho."
Brennand



Assombroso, prolífero, grandioso, belo, torto, estranho, excitante, sensual, fálico...

Estes e outros adjetivos pululavam nas nossas cabeças e bocas escancaradas enquanto visitávamos o Oficina Cerâmica Francisco Brennand na Várzea em Recife. Funcionando como oficina e museu, o espaço foi construído dentro da propriedade da próspera família a qual o artista pertence e na qual também funciona uma tradicional fábrica de cerâmica.

Lindeza, belezaria e primor espalhados, agrupados, aparentemente largados, deliberadamente reunidos, ligados por temas intrigantes, provocativos, atávicos e universais. Instalações, templo, salas escuras, mandalas, painéis... Gozo múltiplo da alma...

Umas frases célebres aplicadas para sublinhar as idéias fartas...

Algo me fez lembrar do Profeta Gentileza ou de Arthur Bispo do Rosário... Só que com toques de academicismo, na dose certa, naquele ponto em que é dominado ao ponto de poder ser relevado...

O Brasil precisa conhecer o Brasil!

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27.1.02

Voltei, mas parte do meu coração ficou em porque não canso de me apaixonar pelo

18.1.02





Já reparou como às vezes a gente passa de carro pela orla ou pela lagoa e, preocupado com horários e compromissos, esquece de observar aquela maravilha toda? E não dá um nó na garganta quando um dia a gente resolve prestar atenção e se culpa por tantos dias ignorando tanta beleza?

Pois é assim que me sinto em relação ao Luiz Melodia. Tenho poucos de seus discos, raramente vou aos seus shows, mas quando encontro com ele, fico em tal estado de êxtase que não paro de me questionar porque não sou mais assídua.

Ontem fomos ao show dele. E foi meio no susto, marcado de última hora, convite quase não aceito por conta de outro apontamento (felizmente desmarcado).

Gosto do Rival. Não importa onde você esteja, tem sempre uma boa visão do artista que se apresenta. Ainda assim foi um achado o garçom que nos atendeu, levando-nos a melhor mesa disponível no momento e iluminando ainda mais nossa noite com graça e simpatia.

Mas estávamos ali para ver o negro gato do morro de São Carlos e, creio que posso falar por toda a platéia, a abertura com um famoso “quem?” era dispensável e desagradou. Faltou uma boa escolha de repertório, faltou voz, faltou carisma. E valorizou ainda mais o real motivo de nossa presença por lá.

Porque nosso homem é um deslumbre só. Apresentou as músicas de seu novo disco sem a concessão fácil aos sucessos para ganhar a galera. Ele não precisa disso. Nada de Negro Gato, Estácio Holly Estácio ou Magrelinha. Ele cativa passeando com destreza por diversos ritmos. Brincou de árabe com direito aqueles malabarismos sonoros com a língua, mostrou um arranjo reggae para um velho samba-canção. De vez em quando aparecia um sotaque funk, outras vezes o rap era explícito. A banda transitou com desenvoltura por todos estes caminhos, ora jazzy, ora como big band.

Comentávamos na saída que é muito diferente freqüentar esse tipo de apresentação em dia de semana. Outro público, outro astral. As pessoas estão mais preocupadas em ouvir a música, do que em cantar junto; estão mais interessadas no espetáculo do que contando os minutos para que acabe logo e chegue de uma vez a hora do maior atrativo da noitada: o motel. Pouco se ouviu daquela praga que são os gritos prentensamente graciosos. Mas tive que concordar com a moça que não se conteve e exclamou alto:

- Muito bom!

Ao que Melodia respondeu com um simpático e quase comovido:

- Valeu, gata!

Creio que muito do encanto deste moço vem do fato de misturar um tipo de música que chega fácil ao coração com aquela outra relacionada ao gosto adquirido. E se fosse falar de sua voz gostosa ou do jeito maneiroso como ele dança, teria que abrir diversos e imensos parágrafos. Afinal elegância, charme e talento não são coisas que eu consiga descrever com poucas palavras.

Saí de lá com a certeza de que o país que tem essa bonita criatura deveria ser proibida de se auto-referenciar como miserável.

E a pergunta gira na minha cabeça: por que tem muito menos Luiz Melodia na minha vida do que deveria?


17.1.02





Se Mr. Lima pensa que vou expor o enigmático caso do pato do meu avô na íntegra por aqui, onde ele pode ler sem mais aquela, está muito enganado...
Isso é um segredo que vou levar para o túmulo.
O nobre colega vai continuar sua sina de perder os cabelos tentando desvendar o mistério...

Quá quá quá quá...
Gosto de conversar. Sempre fui daquelas que prestam atenção em quem puxa papo na filas, nas salas de espera... Também não me importo de perder alguns minutos ouvindo os comentários do dono do boteco sobre política. Mas os favoritos são os motoristas de táxi. Eles são um grande termômetro social, além de permitirem que a gente veja as coisas com outros olhos...

Um belo dia reparei que as pessoas que dirigem, principalmente os taxistas, usam como ponto de refência os postos de gasolina. "Duas ruas depois daquele BR grandão" não faz muito sentido para mim, que não dirijo. Donas-de-casa e aposentados geralmente preferem supermercados. Ao invés de dizerem na rua da igreja, mencionam a Sendas. Minhas referências são outras: bares, restaurantes, praças, monumentos...

Hoje estava dentro do táxi, e o motorista perguntou se teríamos que dobrar naquela esquina com uma loja de pássaros. O cruzamento tem sido passagem diária nos últimos dias, mas jamais reparei a tal loja que realmente estava lá. O sinal fechou quando estávamos exatamente em frente a ela. Pelo retrovisor pude ver os olhos do taxista reluzirem enquanto observava as gaiolas expostas e dizia que, depois de me deixar no meu destino, voltaria ali porque tinha que comprar um canário que acabara de lhe roubar o coração. No restante da viagem ele contou sobre sua enorme criação de passarinhos, sua ligação com o IBAMA, seus passeios de ecoturismo...

A esquina congestionada escondia uma loja de pássaros e o volante escondia um ornitólogo...

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Lu, não é mistério. Ontem o Blogger estava louco. Escrevia alguns posts que só consegui inserir muito mais tarde. Aquele que você comentou foi um teste. Escrevi (e entrou imediatamente junto com os outros que estavam presos) e deletei a seguir, mas só consegui apagar do meu blog realmente agora, quando inseri novas mensagens. É ou não loucura?

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Lembram quando Brizola governava e o Rio foi massacrado pela Globo? Por que será que estão dando tanto destaque aos crimes em Campinas e São Paulo? Por que tantas reportagens sobre a violência em Porto Alegre? Por que será que o tão esperado surgimento do personagem que dá nome à novela das oito (?) de maior sucesso dos últimos tempos foi justamente no meio de um passeio turístico que louva todas as maravilhas do Maranhão? Sei não... Estou achando que os índices de criminalidade e todas as demais mazelas no Estado do Rio vão dar um conveniente salto repentino quando Garotinho se afastar para concorrer à presidência e a Benedita assumir...



16.1.02

Da primeira página do JB:

"BUSH AMPLIA A AJUDA MILITAR À COLÔMBIA

O presidente George Bush vai aumentar a ajuda militar para a Colômbia na luta contra a guerrilha. O valor não está decidido, mas integra a nova política externa americana que, desde os atentados de setembro, passou a encarar a ação de grupos armados naquele país como terrorismo e não mais como linha auxiliar do narcotráfico."

(O grifo é meu)

Quando foi anunciada a ofensiva militar contra o Afeganistão, eu disse que se estava abrindo um perigoso precedente de se combater crime com guerra e que qualquer país, seguindo esta lógica poderia ser atacado. Na época, muitas vozes vieram contra a minha lógica, afirmando que "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". Continuo achando muito perigoso e arriscado, principalmente para o nosso país, esta história de traficante armado de repente virar terrorista.

Quem dera que as conversas e acordos entre FHC e Putim fosse mais que - como adora dizer nosso presidente - nhenhenhém e alguém tivesse peito de pelo menos começar a questionar a posição indecentemente hegemônica dos EUA como xerifes do mundo...

Do jeito que as coisas estão caminhando, logo logo teremos tropas americanas nos morros e periferias brasileiros, já que grupos armados espalhados pelo mundo são considerados terroristas.

Menos os que fuzilam crianças nas escolas, é óbvio...

Mas a pergunta que realmente não quer calar é: se o objetivo da guerra era capturar Bin Laden vivo ou morto e a CIA já sabe que lá ele não está, porque não se acaba de vez com esta vergonha? Nada a ver com a rota de petróleo que já estava sendo negociada com os tabilãs até alguns dias antes dos atentados, quando o governo norte-americano tão bonzinho e preocupado com o bem-estar da população mundial ainda não sabiam (claro!) que eles maltratavam mulheres e cometiam todo tipo de barbaridade, né?


Uma amiga minha tão íntima e querida ao ponto de ser chamada de irmã e chamar de mãe a mesma criatura que eu está com um bebê de menos de um mês. Minha irmã do meio está empurrando um barrigão de seis meses. Minha irmã caçula acabou de receber o resultado positivo.

Com a conteirada tão fértil, você acha mesmo que vou me meter a aprender a dança do ventre?
Com uma chamada nominal, fui intimada a responder a pesquisa de Meg sobre como os post são paridos. :-)

Não tenho método algum. Posso me sentir compelida a comentar alguma notícia que ache absurda, bizarra ou importante ou simplesmente tenho vontade de contar a todos o que acontece no meu mundinho. Às vezes estou muito longe do micro e vejo, ouço ou matuto alguma coisa que acho que tem cara de blog. Até chegar aqui, posso simplesmente esquecer, modificar a impressão inicial ou decidir que nem vale a pena. O banheiro é meu santuário para reflexões. Outras vezes, uma idéia fica me obsidiando nas horas mais impróprias, como na hora que deveria ser do sono. Aí pego um pedacinho de papel (tenho papel e caneta à cabeceira) e anoto apenas o núcleo da coisa para poder ter paz e desenvolver depois, quando for mais apropriado. Já houve ocasiões em que me muni para escrever aqui mais tarde. Foi o caso do post da Rita Lee, quando anotei diversas coisas durante o show. De vez em quando, pesquiso ou simplesmente compartilho o que me caiu no colo quando procurava por outras coisas.

Assim mesmo, caoticamente...

15.1.02

Cláudia (que bom que você voltou! estava cheia de saudades!) fala do absurdo da rosquinha assassina. Ouvi outra muito boa hoje no táxi. Meu instinto de sobrevivência gritava para eu sair do veículo imediatamente, mas era irresistível a conversa do motorista em que o Tom Cavalcanti deve ter se inspirado para construir o João Canabrava.

"Que biscoito seco que nada, dona. Aquilo ali foi caaaaaaaaana mesmo. Ele achou que em casa estava protegido e enfiou o pé na jaca. Se fosse com o marido da minha mulher, a vizinhaça inteira ia saber que eu sou bêbo (sic). Mas não, é o Bush. Com gente fina ninguém mexe. Mas ele podia inventar uma desculpinha melhor, né não? Mandava ele falar comigo que eu sou craque nisso e não saia uma história tão mal contada. E lá o negócio deles não é cachaça, não, dona. É uisque mermo (sic)."

Bom, apesar do motorista alucinado cheguei em casa inteirinha e com a barriga doendo de tanto dar risada.
Li lá no Udigrudi tudo o que sinto em relação ao bichinhos de estimação. Sou capaz de arrumar a maior encrenca do mundo se vir alguém machucando um animal, mas não tenho o mínimo jeito para ser dona de um. Também morro de medo de cachorro, também já fui vítima por vezes suficientes de "não morde" para não acreditar mais, também olho para gatos com certa identificação e respeito... Fico arrepiada quando vejo as pessoas criando bichos exóticos como enormes aranhas ou ratos.

Juro que já tentei. Na casa de meus pais chegamos a ter treze cães. Todos para guarda e nem um pouco amistosos. Meu pai era veterinário, então acho que em algum ponto bem profundo da minha mente ficou registrado a quantidade de doeças que se pode contrair com a promiscuidade que vejo entre alguns proprietários e seus amiguinhos. De qualquer forma, ainda criança, perturbei muito para ter um. Queria um gato, mas as minhas alergias proibiam. Um cãozinho pequeno, então. Um dia, meu pai chegou com o presente. O primeiro mês foi de puro amor, mas um dia ele arreganhou os dentes para mim e eu não conseguia mais chegar perto dele. O danadinho era bravo que só ele. Só respeitava meu pai e tinha que passar quase o tempo todo preso, porque avançava em todo mundo.

Já adulta, mas antes de me dar conta de que era ecologicamente incorreto, tive uma tartaruguinha que era um charme. Ela era minúscula e se enfiava por todos os cantos da casa, me deixando desesperada. Comia como louca e era meu xodó. Infelizmente, ficou com meu ex-marido.

Teve também o papagaio da família que morreu gritando... O jabuti que morreu expelindo todos os órgãos internos pelo ânus... O pato do meu avô, viu, Paulo...

Quero mais não...

As Malas


O último final de semana foi passado em Sampa. Chovia canivetes, mas a companhia era da melhor qualidade. Fui ao casamento de uma amiga querida e fiquei hospedada na casa de outra. Encontrei com várias almas amadas. Voltei leve e feliz.

Devo confessar que tenho um problema sério. Se consigo achar divertido arrumar uma bolsa/mala para ir, odeio desarrumar quando chego. A preguiça é tanta que desenvolvi um método. Assim que chego, retiro e encaminho imediatamente a roupa que deve ser lavada, os objetos de uso mais freqüente, o que comprei (se for o caso) e empurro com a barriga o restante do ritual.

Assim, tenho ainda uma bolsa por terminar de desfazer e outra para arrumar. Sim, há outra viagem. Esta com a turma completa e vai ser a viagem oficial de férias. Adoro viajar para locais que ainda não conheço e de que ouvi maravilhas.

E já estou planejando o que fazer no Carnaval. Acho que já decidi. Vou consultar um especialista no destino pretendido. O homem sabe tudo do lugar. Aliás não só deste lugar. O homem sabe e ponto final.

11.1.02

Com a chegada do calor vieram as francesinhas. Ligo para a empresa de dedetização (eles agora dizem que combatem vetores!!!). Quanto é? Nada, senhora, ainda está no prazo de garantia.

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A persiana emperrou. Ligo para o rapaz da manutenção. Tudo certo bem rapidinho. Quanto é? Nada, senhora, ainda está no prazo de garantia da última manutenção.

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O lindo sapato de couro do meu marido arrebentou em uma das passadeiras. Coisa pouca, que foi resolvida com um gatilho que ficou praticamente invisível. Passeando pelo shopping ele viu outro sapato interessante na mesma loja. Quando foi retirar o sapato para experimentar o novo, lembrou do ocorrido e comentou casualmente com o vendedor. O par antigo foi trocado imediatamente.

********

Loja de revelação de fotografias cujos serviços meu amo e senhor utiliza com freqüência. Esta semana, depois de passados os atropelos de final de ano ele foi lá mais uma vez. Tinham para ele um belíssimo brinde guardado desde a semana do Natal.

********

Há ou não alguma coisa mudando na área de serviços no país? Quem não agregar encantamento aos seus serviços e produtos está fadado ao fracasso.

"Não me sinto dividida
Dei-me inteira, sempre
Não me sinto cúmplice
Lutei contra as injustiças
Não me sinto vítima
Vivenciei cada minuto sofrido
Não me sinto só Tenho o amor dos amigos de batalha"


(Messody Benoliel)
Estou com a música de abertura do Globinho que a Paula Saldanha apresentava na Vênus Platinada na década de 1970 rondando minha cabeça. O que será que eles tinham contra o Batman? Ou será que era uma música anti-yankee camuflada para a ditadura? O homem-morgego aparecia numa animação como mulambento e barrigudo. Minha memória pode me trair, mas acho que era algo como:

"Não existe nada mais antigo
Do que caubói que dá cem tiros
De uma vez
A avó da gente deve ter saudade
Do zig-pow
Do cinto de inutilidade

No nosso mundo tudo é novo e colorido
Não tem lugar para essa gente que já era
Morcego velho
Bang-bang de mentira
Você já era
O nosso papo é alegria"

10.1.02

Ela vai saber que é por ela:

"Meu Deus, vossos desígnos são impenetráveis, e em vossa sabedoria acreditastes dever afligí-la pela doença. Lançai, eu vos suplico, um olhar de compaixão sobre seus sofrimentos, e dignai-vos pôr-lhes um fim.

Bons Espíritos, ministros do Todo-Poderoso, secundai, eu vos peço, meu desejo de aliviá-la; dirigi meu pensamento, a fim de que ele vá derramar um bálsamo salutar sobre o seu corpo e consolação em sua alma."




GATO


... mamífero carnívoro de unhas retráteis;
... ligação elétrica clandestina;
... homem jovem e bonito;
... alteração na documentação do jogador de futebol que lhe diminui a idade para permitir que jogue nas categorias de base.

Tem gato escondido com o rabo de fora...


VERIFICANDO AS PREVISÕES


Consegui fazer uma coisa que sempre disse que faria e acabo esquecendo. No início do ano passado, recortei uma folha de jornal com previsões sobre 2001. O objetivo era checar os acertos e erros quando o ano acabasse. Frustração... As previsões são tão genéricas que não dá nem para saber se eles foram corretas.

Confira alguns pontos e tente também entender se batem ou não com o que aconteceu:

GERAL

1 – 2001 será o ano da comunicação (porque a soma dos algarismos resulta em 3) e gerará frutos para quem trabalha e lida com palavras, melhorará a qualidade de vida e concretizará projetos usando palavras como instrumento de meditação positiva.

Observação: Silvio Santos foi eleito o Homem do Ano. Será que é isso?

2 - Esta facilidade para a comunicação, entretanto também poderá ajudar maus políticos a acenarem de forma mais convincente e facilitará aqueles que têm boa lábia.

Observações: Bin Laden? As imagens exaustivamente repetidas do ataque às torres gêmeas? As cartas com antraz? A aparição de Roseana Sarney nas pesquisas de intenção de votos após os programas políticos do seu partido?

3 – Expansão e fertilidade. Energia favorável para concretizar projetos e para mulheres engravidarem com maior facilidade.

Observação: O clone humano?

4 – Será um período de renascimento, uma energia boa que só aparece a cada nove anos e que favorece o crescimento.

Observação:???

5 – O número três (2+0+0+1) traz à tona nosso lado criança. O que exige um certo cuidado para não se perder a noção de regras e valores.

Observação: “Quem sabe ainda sou uma garotinha” Música mais executada nas rádios do país no ano passado.

6 – Período de beleza, elegância e charme. Resultado: fogueiras de vaidades estarão a todo vapor. A convivência poderá ser custosa. O problema são os que só conseguem enxergar o próprio umbigo. Se não se modificarem, periga ficarem mais egoístas e fúteis.

Observação: Casa dos Artistas? A Guerra do Afeganistão?

PARA O RIO

7 – Uma “cara” diferente para a cidade em 2001. Uma nova imagem que pode atrair investimento e projeção.

Observação: Piscinão de Ramos? Os hotéis lotados? Rock in Rio?

8 – Preocupações que deverão estar sempre na mente dos cariocas dizem respeito a enchentes, poluição, deslizamentos e epidemias.

Observação: Sem comentários. Essa até eu!

9 – Anseio geral de renovação, uma idealização de cidade realmente maravilhosa. Netuno, planeta da maravilha e do sonho. Mas também é o planeta das ilusões e das drogas.

Observação: Ui!

10 – Tendência ao desejo de salvar a cidade, seja com apoio voluntário ou por meio de marketing para comover o público.

Observação: Isso eu tenho visto sim. Parece que foi a previsão mais clara e objetiva.

Quem fez as previsões:

- O numerólogo Gilson Chveidoen
- O tarólogo e numerólogo Namur Gopalla
- A astróloga Anna Maria Costa Ribeiro

(Sobre matéria de 07/01/2001 no JB)

7.1.02


TRIBUTO A RITA LEE




Lu (obrigada pela idéia e pelo convite, querida!), Ricardo e eu fomos ao show da Rita Lee ontem no Canecão,.

Nossa mesa lateral não era em local nobre, mas creio que era uma das melhores daquele setor. O Canecão está mudando. As arquibancadas foram retiradas e tudo indica que surgirão mais mesas onde elas estavam. Ontem este “nada” foi ocupado pelos sem-assento.

Rita, já avançada nos cinqüenta, está ainda vitaminada. Apesar da tristeza pela morte de Cássia Eller, que homenageou diversas vezes, e pelas guerras que insistem em aflorar em pleno século vinte e um, o show foi alegre. Ela é muito divertida sempre. Adoro suas músicas, mas gosto ainda mais quando ela fala, faz caretas, adota a quintessência da postura pop-rock, inclusive canibalizando alguns trejeitos de Jagger.

O repertório passeou pelas músicas do novo disco com canções dos Beatles e por aqueles sucessos que todo mundo sabe (ou deveria saber) de cor. Começou com A Hard Day´s Night, no original, emendada com Nem Luxo Nem Lixo. Pausa para agradecimentos pelo comparecimento do público, descrição do humor, piadinhas, saudades de Cássia Eller e de alguma forma este simpático discurso ficou redondinho com With a Little Help from My Friend. Ao cantar Alô Alô Marciano, citou Elis de leve, imitando as evoluções de braço que valeram à Pimentinha um outro apelido: Hélice. A seguir, a versão dos Beatles estouradaça nas rádios: Prá Você Eu Digo Sim. Depois de cantar Agora Só Falta Você, Rita se retirou do palco, deixando apenas os músicos. É hora de falar deles.

A banda é nova e não poderia ter um nome mais provocativo: Talebanda. Coisa de fera. Barone, Dadi, Ary Dias, William Magalhães e Roberto Carvalho. Mais tarde Rita apresentaria os músicos como seus filhos. Dadi seria resultado de seu casamento com Caetano; Ary da ligação com Gil; Wiliam de um caso com Tim Mais; de Barone ela não sabia bem quem era o pai, porque na época andava com Herbert e Bi...

Rita voltou travestida de Gal Costa para cantar Baby. É um dos momentos mais engraçados do espetáculo, quando a eterna mutante enverga uma peruca negra cacheada e uma echarpe de plumas e desce até a audiência para conversar, distribuir beijinhos e abraços e sentar em alguns colos afortunados.

Nada como um narizinho de palhaço para, no que ela descreveu como momento Tropicalismo, cantar Panis et Circensis. No meio da apresentação de Todas As Mulheres do Mundo surge no palco uma mulher vestindo a burqa. Ao final do número, a odiosa vestimenta é arrancada e surge uma bela mulher grávida de bikini. Acho que todas aplaudiram Leila Diniz.

Sim, estou pulando algumas músicas. O show foi deliciosamente longo, desses que você sente o prazer do artista por estar lá... Emoção que não conseguiria reproduzir aqui contando tudo nos mínimos detalhes. Você se cansaria...

Bom, como ameaçado, Rita apresentou uma das versões para músicas do quarteto de Liverpool que foram barradas pelas editoras por serem consideradas exóticas demais. Realmente A Cabra e o Bode (sobre I Wanna Hold Your Hand) não pode ser considerada ortodoxa. Exatamente por isso é hilariante.

Ótimo arranjo bossa nova para Lucy in the Sky with Diamonds, com refrão pesadão sublinhado pela iluminação.

Para encerrar, um pout-pourri com Chega Mais, Pega Rapaz e Jardins da Babilônia.

Pensa que acabou?

Ainda tinha o momento Miss Simpatia, ou seja, o bis atendendo a pedidos. Saúde para todos. Foi quando Zélia Duncan subiu ao palco para cantar com Rita e, acompanhadas apenas por Roberto, levaram uma série de antigos sucessos da titia do rock, como Doce Vampiro e Lança Perfume. Já no finalzinho e sem Zélia a banda toda retorna incrementada pelo filhão Beto e a Ovelha Negra se despede de vez.

Fiquei com a sensação de que faltou algo. O público estava meio frio, mesmo com aqueles chatos que ficam o tempo todo gritando gracinhas ou pedindo músicas fora de hora. E redescobri que eu amo Rita Lee. E não é apenas porque sua música alegre e sacana foi trilha sonora da minha adolescência. Foi através dela que cheguei a compreender o Tropicalismo. E olha que desde que me entendo por gente havia Gil e Caetano em casa. Mas eles eram (e são). Rita me fez querer saber de onde vinha, o que era, por quê...

No meio do show comecei a viajar. Durante muito tempo, achei estranho quando se perguntava a alguém o que ele ouvia na infância e juventude. Depois compreendi. E ontem me caiu a ficha de que muitas das coisas que navegam no mais profundo de mim talvez não fossem iguais (mesmo que muita gente olhe e só veja Clark Kent) se eu não houvesse me formado ouvindo:

“No ar que eu respiro
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou
Agora só falta você”

“Roquem é ele?
Quem é ele?
Esse tal de Roque Enrow?
Um planeta, um deserto,
Uma bomba que estourou
Ele, quem é ele?
Isso ninguém nunca falou!”

“Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meus Deus, quanto tempo
Eu passei sem saber?
Foi quando meu pai me disse:
Filha,
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
Uh, e sumir “

“Ai, ai, meu Deus, o que foi que aconteceu
Com a música popular brasileira?
Todos falam sério, todos eles levam a sério
Mas esse sério me parece brincadeira “

“Agora é moda, sair nua em capa de revista
Agora é moda, pichar a vida de artista
Agora é moda, bionicar o corpo inteiro
Agora é moda, culpar o mercado estrangeiro
Dance, dance, dance - Dancei!”

“Suspenderam os Jardins da Babilônia
E eu pra não ficar por baixo
Resolvi botar as asas pra fora
Porque
Quem não chora dali, não mama daqui
Diz o ditado
Quem pode, pode, deixa os acomodados
Que se incomodem

Minha saúde não é de ferro, não
Mas meus nervos são de aço
Pra pedir silêncio eu berro
Pra fazer barulho eu mesma faço,
Ou não!”

“Eu e meu gato
Ele na cama
Eu no telhado
Ele sem as botas
E eu sem grana”

“Depois me leva pra casa
Me prenda, nos braços
Me torture de carinho
Beijinhos, abraços
Depois me coce, me adoce
Até eu confessar"

“Me acostumei com você,
Sempre reclamando da vida
Me ferindo, me curando a ferida
Mas nada disso importa,
Vou abrir a porta pra você entrar
Beijar minha boca,
Até me matar de amor!”

“A gente faz amor por telepatia
No chão, no mar, na lua, na melodia
Mania de você
De tanto a gente se beijar,
De tanto imaginar loucuras!”

“Me aqueça
Me vira de ponta-cabeça
Me faz de gato e sapato
Me deixa de quatro no ato
Me enche de amor, de amor”

“Você tem ciúme
Mas gosta de me ver rebolar
Eu topo tudo
Sou flor que se cheire em qualquer lugar”

“Se Deus quiser,
Um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim
Ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra”

“Se me der na telha sou capaz
De enlouquecer, e mandar tudo
Práquele lugar
E fugir com você pra Shangrilá
E me deixar levar por um
Beijo eterno
Por seu corpo envolvente
Mais quente que o inferno”

“Não quero luxo nem lixo
Meu sonho é ser imortal, meu amor
Não quero luxo nem lixo
Quero saúde pra gozar no final”

“João Ninguém é dono da aldeia
Quem bobeou, dançou
Desconfia até da mãe,
Quanto mais do tataravô
João Ninguém não perde um vintém
Nouveau riche quatrocentão
Sem talento pra ser feliz,
Milionário por vocação”

“Como vai,tudo bem
Apesar,contudo,todavia,mas,porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!”

“Fiquei mocinha
Sabe como é...
O tal bicho papão
Virou meu namorado
Eu sou má companhia
Pra quem não tiver
Um coração que vive apaixonado
Sempre fui levada-da-breca
Brincar de médico
É melhor que boneca... "

“Quando eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra
Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica...”

“Se pintar um negócio na esquina
Corre e vê se eu estou lá na China
E se estiver, vê se me deixa em paz
Eu quero mais ficar bem longe desse tititi...”

“Que tal nós dois
Numa banheira de espuma
El cuerpo caliente,
Um dolce farniente
Sem culpa nenhuma”

“Porque a gente nem sabe por quê
Mas acontece que eu nasci pra ser só de você
É claro que a sorte também ajudou
Ultimamente, um romance dura pouco”

“Mulher é bicho esquisito
Todo mês sangra
Um sexto sentido maior que a razão
Gata borralheira, você é princesa
Dondoca é uma espécie em extinção”

“Meus amigos dizem que essa coisa vicia
Andaram até jurando que era anorexia
É uma neurose,
Uma overdose,
Sou dependente do amor!”

“Desculpe o auê,
Eu não queria magoar você,
Foi ciúme sim,
Fiz greve de fome, guerrilhas, motim,
Perdi a cabeça, esqueça!”

“As noviças do vício
Não medem sacrifícios
Fazem altas baixarias
Por um resto de sucesso
Ratazanas da publicidade
Pérolas da vulgaridade
Elas pecam pelo excesso
E morrem pela falta”

“Alô doçura
Me puxa pela cintura
Tem tudo a ver o teu xaxim
Com a minha trepadeira
Nós dois pra lá
Bem pra lá de Nirvana
Numa cama voadora, fazedora de amor
De frente, de trás
Eu te amo cada vez mais
De frente, de trás
Pega rapaz, me pega rapaz”

“Eu nem vejo a hora de lhe dizer
Aquilo tudo que eu decorei
E depois o beijo que eu já sonhei
Você vai sentir, mas...
Por favor, não leve a mal
Eu só quero que você me queira
Não leve a mal”

“Eu vou sabotar
Vou casar com ele
Vou trepar na escada
Pra pintar seu nome no céu
Sabotagem! Sabotagem! Sabotagem!
Eu quero que você se...
Top top top uh!”

“Dizem que sou louco
Por pensar assim
Se eu sou muito louco
Por eu ser feliz
Mais louco é quem me diz
Que não é feliz, não é feliz
(...)
Sim, sou muito louco
Não vou me curar
Já não sou o único
Que encontrou a paz
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz”

6.1.02


ENTRANDO NO CLIMÃO


Nomes da música brasileira homenageando os Beatles no Multishow. Preciso dizer que vou ao show da Rita Lee hoje à noite?

DOMINGO DE SOL NO PARQUE LAJE


sovaco do Cristo


recorte no tempo


verde 1


verde 2


homenagem a Chiquinha Gonzaga


"vejo flores em você"


cicatrizes


acompanhando Pedro Luís


alma



("cicatrizes" e "acompanhando Pedro Luís" são fotos de meu amo e senhor, Mr. Ricardo Pessanha)

NOVELÃO


Estou acompanhando a novela e está emocionante como toda história de verão carioca.

O Natal foi marcado pela tragédia das chuvas e a meteorologia anunciava possibilidade de novas pancadas com chances de granizo para 48 horas seguintes. Choveu um pouco, o sol quis sair, houve mormaço, choveu mais um pouquinho, mas não houve outra tempestade na cidade. A previsão continuava a mesma. As 48 horas passaram... Os boletins começaram a falar em 72 horas...+++ Nada de toró...

O dia 31 de dezembro foi nublado. Por volta das 22 horas, quase todo mundo estava olhando para o céu, não apenas buscando auspícios para o novo ano, mas também com medo da tão prometida chuvarada. E eis que a invés da tormenta, surge a lua linda e cheia, estrelas magníficas, as nuvens sentiram vergonha diante da alegria dos cariocas e dos turistas que ocuparam 100% das vagas dos hotéis e tomaram chá de sumiço.

Os fogos, nas balsas a 350 metros da arrebentação, não causaram a mesma emoção e o mesmo impacto de quando a queima acontecia nas areias. Entretanto, a segurança foi garantida. Ninguém estava disposto a arcar com os riscos de acidentes como o do ano anterior. Assim, um evento que reúne um público de 2 milhões de pessoas, sem qualquer ocorrência grave, não pode ser considerado um fracasso, como diz a revista Veja, com um ressentimento (ciúme, inveja?) indisfarçável em relação a tudo o que acontece aqui na Cidade Maravilhosa.

Aí a novela engrena. César Maia, o prefeito-factóide que andava até quietinho anuncia que vai processar o Instituto de Meteorologia por tentar sabotar os festejos cariocas de final de ano. Se vai mesmo processar ou não, isso é outra história, o importante é ter conseguido que se falasse disso por toda a semana.

Mas a história continua de forma ainda mais insólita quando a Fundação Cacique Cobra Coral envia ao prefeito uma carta em que pede para que ele não abra o processo, alegando que as mudanças atmosféricas são de responsabilidade deles e de seus ritos, que desafiam as leis da física e do bom senso, mas funcionam. Eles foram contratados por um empresário para garantir que a chuva não atrapalharia a festa. Para quem não lembra, a Fundação já havia sido contratada para garantir bom tempo durante o Rock in Rio do ano passado e na inauguração da árvore de Natal da Lagoa (quando as nuvens carregadas também se dissiparam inesperadamente em cima da hora do evento). O serviço é cobrado a posteriori e eles só recebem se o objetivo (nada de chuva) for atingido.

E o Carnaval?



CORUJICES


- É verdade que São Paulo é a maior cidade da América Latina?
- É. Antes era a Cidade do México, mas agora é São Paulo, sim.
- E o que que é América Latina?

Já repararam quantas coisas se precisa explicar antes de conseguir definir o que é América Latina?

As perguntas estão ficando cada vez mais complicadas e eu estou me dando conta de que algumas coisas que a gente assume como simples não são assim tão imediatas. Nada como uma criança esperta por perto para nos ensinar sobre a vida.


*******


Estávamos atrás de argila. Finalmente lembrei onde havia comprado da última vez, mas estávamos indo em direção oposta e a loja fechava em poucos minutos. Liguei para a assessora para assuntos pedrísticos - a avó - que estava mais próxima do dito estabelecimento e solicitei que providenciasse o material, já que o pequeno estava em crise criativa fortíssima e talvez morresse se em pouco tempo não tivesse em suas mãos argila para modelar.

Impossível parar em casa com o verão do Rio de Janeiro chamando lá fora. Assim, só depois de passadas 24 horas o moleque consegue um momento de tranqüilidade para dedicar-se ao tão desejado amasso.

- Mãe, dá para o Papai.

Olho a figura esculpida em minhas mãos.

- Sabe o que é, né?
- Sei. Obrigada.
- É daquela história que você me contou outro dia...

Fui fazer o combinado. Meu marido tinha uma figura idêntica para me entregar. Fizemos então a troca de muiraquitãs.


*******


- Quando eu era bebê, não sabia que você era minha mãe, nem que você era meu pai. Não sabia nem quem eu era. Só sabia que eu vivia.
- Oh!
- Hoje eu estou meio poético, né?